Ainda não foi dessa vez que saiu anúncio do governo federal de medidas para socorrer produtores do Rio Grande do Sul afetados pela estiagem. Nem por isso o sentimento de representantes de entidades do Estado foi de frustração ao término da reunião, por videoconferência, com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Há entendimento de que o tema é prioridade e que a titular da pasta tem mobilizado seu ministério em busca de meios que possam reduzir os prejuízos de agricultores e pecuaristas gaúchos.
No encontro de ontem, contou com o reforço de dois secretários: Fernando Schwanke, de Agricultura Familiar e Cooperativismo, e Eduardo Sampaio, de Política Agrícola. E colocou em linha direta o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Com abordagem técnica, a reunião tentou dar andamento para as medidas sugeridas.
Parte pode ser classificada como de fácil execução, ainda que no ritmo da burocracia a ser cumprida, e outra se propõe a mudar paradigmas, com maior exigência de tempo. No primeiro grupo, estão as solicitações para renegociação de financiamentos de custeio e de investimento. Há aval para que o tema passe para as mãos do Ministério da Economia, já que precisa de decisão do Conselho Monetário Nacional para ser implementada. E também a possibilidade de criação de linha de crédito emergencial para a agricultura familiar. Schwanke tem expectativa de que medidas sejam divulgadas em breve.
– Temos de estar abertos aos instrumentos existentes – observa Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS).
No quesito inovação, entra a proposta de solução para produtores fora do financiamento oficial e que envolve operações estruturadas de crédito, com participação do BNDES. Tem sido bem recebida, mas demandará que seja percorrido caminho mais longo.
– Estamos próximos da solução para dívidas dentro do sistema, seja no custeio ou no investimento. E nunca estivemos tão perto de uma solução para o problema crônico de quem tem dívida fora do sistema financeiro – avalia Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva ressalva que é necessário agilidade na execução da pauta conjunta.
– A questão é a pressa. Estamos correndo contra o tempo – afirma Joel.