Além dos produtores afetados pela estiagem que estão dentro do sistema oficial de crédito, ou seja, que buscam financiamentos com bancos, há outra parcela igualmente prejudicada e que precisa buscar recursos em outras fontes (empresas, cerealistas, cooperativas). É para atender esse segundo grupo que a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) tem trabalhado em proposta de renegociação. No arroz, estima-se que a metade dos financiamentos seja por esses canais. Na soja, cerca de 20%.
— O não pagamento do produtor pode gerar problemas muito graves a essas empresas. Se não recebem, poderão quebrar ou ficar muito mal, caso consiga se manter — alerta Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Apresentada ao BNDES, a ideia ganhou a simpatia da instituição. Agora, o desafio é converter o apoio em ação. O projeto tem como base os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). A regulamentação e a operacionalização, feita por meio das cédulas de produto rural (CPR), já existem. Só no ano passado, esse mercado movimentou no Brasil R$ 15,1 bilhões. Em uma comparação simplista, mas que pode facilitar a compreensão, seria como fazer um cheque pré-datado que será depois encaminhado a um credor.
O diferencial do projeto está em colocar o BNDES no papel dos fundos de investimentos em direitos creditórios que, na prática, compram os CRAs.
Se a ideia vingar, permitirá que o produtor em dificuldades para pagar tente negociar com o financiador. Esse, por sua vez, poderá recorrer ao BNDES como fundo de investimento.