O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
No momento em que as lavouras de soja do Rio Grande do Sul chegam à etapa mais decisiva de desenvolvimento, a previsão de falta de chuva nesta semana e o agravamento do cenário de estiagem reforçam o sentimento de apreensão entre os produtores gaúchos. Atualmente, 60% da área plantada no Estado está na fase de enchimento de grãos, período no qual a precipitação é determinante para garantir a produtividade.
Segundo a Emater, a quebra na safra da oleaginosa já chega a 16% em relação à estimativa inicial, com a produção gaúcha recuando de 19,75 milhões para 16,54 milhões de toneladas. No entanto, atualização do levantamento a ser divulgada nos próximos dias pelo órgão de assistência técnica mostrará que o prejuízo já se agravou no principal produto agrícola do Estado.
–A cada dia que passa, temos uma demanda hídrica que não vem e a planta aborta. As perdas vão continuar enquanto não houver chuva homogênea em todo o Estado – salienta Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.
Como os danos causados pela estiagem crescem diariamente, Rugeri acredita que ainda não é possível calcular o tamanho exato da queda nesta safra. Mesmo assim, o dirigente constata que, em algumas regiões, a produtividade da oleaginosa caiu 60% em relação ao que se esperava antes do plantio.
A doutora em agrometeorologia e meteorologista do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Eliana Klering, salienta que a previsão do tempo para março é pouco animadora para os agricultores. Até o dia 15 não há indicativo de chuva em todo o território gaúcho.
–Podem ocorrer apenas algumas pancadas de chuva com baixos volumes, em função das altas temperaturas, mas nada significativo a ponto de recuperar o déficit hídrico – projeta.
Eliana pontua que o volume acumulado de chuva neste mês deverá ficar entre 30% e 40% abaixo da média histórica do Estado para o período, que é de 120 milímetros.