É emblemático o fato de o ponto alto da abertura oficial da colheita de arroz, ter sido o edital que dá a largada na criação de terminal exclusivo de embarques do cereal no porto de Rio Grande, como publicou a coluna. Pelo segundo ano consecutivo, o tempo impactou a produção, complicando ainda mais a vida do agricultor. Acentuou uma crise alimentada por sucessivas frustrações de safra e mercado.
O problema nessa lavoura é tão significativo que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em entrevista a GaúchaZH, reconhece que, sem remuneração, o produtor sairá da atividade. Também acerta quando ressalta que só renegociar dívida não resolve tudo. E é aí que entra o Terminal Logístico do Arroz (TLA).
O desejo de ter um espaço exclusivo é antigo. Diante da demanda global por soja, o arroz perde a preferência quando o grão dourado chega ao porto. E as exportações são vistas como forma de manter o equilíbrio de preços necessário para remunerar a atividade. Manter e conquistar novos mercados é uma meta.
— Estamos nos adequando ao mercado existente. A preferência pela exportação é para que o preço do arroz tenha remuneração acima do custo de produção. Se houver ajuste grande e o valor reagir internamente, se exportará menos — avalia Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
O descompasso entre oferta e demanda no mercado interno reflete, entre outros fatores, recuo do consumo pelo brasileiro do cereal.
— A única maneira de reverter a descapitalização é diminuir a área, plantar nas regiões mais produtivas e ampliar produtividade por meio da rotação com soja e pecuária — entende Velho.
O prenúncio de novas altas em alimentos assusta o consumidor. Mas é preciso encontrar o ponto de equilíbrio para garantir que o arroz renda na mesa, mas também no campo.