A guerra comercial travada por EUA e China trouxe efeitos positivos e negativos. Se, por um lado, a soja cultivada no país ganhou ainda mais espaço no mercado chinês, por outro, fez as cotações na bolsa de Chicago caírem — pesando no bolso do produtor.
Levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) da inflação do setor aponta que o imbróglio é um dos principais responsáveis pelo recuo nos valores recebidos pelos agricultores. Os índices mostram desvalorização de 1,48% em abril, na comparação com março. Pesaram nessa conta as quedas registradas principalmente no milho e na soja. Nos últimos 12 meses, o recuo é maior, de 1,82%.
— O índice de preços recebidos de 12 meses fechou negativo, principalmente pela disputa travada entre americanos e chineses. Se olharmos o valor médio da soja em abril, em dólares, a queda é de 25% em relação a mesmo mês do passado — pontua Danielle Guimarães, economista da Farsul.
O cenário neste momento é um pouco diferente. Puxada por câmbio e prêmios, a soja teve valorização, o que ajudou a destravar os negócios. Danielle lembra que as variações de maio deverão se refletir no próximo relatório. E pondera:
— Guerra comercial nunca é boa para ninguém. Traz instabilidade. Além disso, se o câmbio em elevação ajuda a melhorar os preços em reais, também é verdade que deixa maior o custo para a formação das lavouras.