Foi no início do mês de março que o BNDES enviou circular comunicando os bancos que os recursos para a linha do Pronaf voltada a investimentos – leia-se Mais Alimentos, para compra de máquinas – haviam acabado. A notícia veio dias antes do início da Expodireto-Cotrijal, e o barulho só não foi maior porque o Banco do Brasil, responsável por 50% dos financiamentos para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul, remanejou dinheiro de outras linhas e atendeu às propostas.
Esse cenário, no entanto, não existe mais. Com demanda 25% superior em relação a igual período do ano passado, o BB também ficou sem dinheiro para atender à demanda dos pequenos produtores. Isso dois meses antes do término do Plano Safra 2018/2019. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) encaminhou documento a ser entregue para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no qual solicita complementação dos valores do Pronaf Mais Alimentos.
A entidade estima, com base nos valores contratados entre abril e junho do ano passado, que sejam necessários mais R$ 500 milhões. O ofício será entregue nessa quarta-feira (24) em reunião da titular da pasta com o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, Heitor Schuch (PSB-RS).
– Temos pela frente no Estado a Fenasoja, a Fenamilho e a Exposol, três feiras boas, mas em que não haverá recursos para financiamentos do Mais Alimentos. E no Moderfrota, o dinheiro também esgotou – observa Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
A linha do Moderfrota é a principal utilizada na compra de máquinas e implementos para médios e grandes produtores e, desde o último dia 11, também está esgotada por falta de valores. E com uma feira do tamanho da Agrishow, que começa na próxima segunda-feira (29), pela frente. Fabricantes de máquinas e organizadores do evento esperam reverter esse quadro com o aporte de verba extra. Até agora, há sinalização de que isso será feito pelo BB, em valores ainda desconhecidos.
Feiras à parte, ainda faltam dois meses para que entre em vigor o novo Plano Safra. E, salvo medidas emergenciais, os investimentos para produtores de todos os tamanhos correm o risco de ficar parados, algo que não é nada positivo para um setor que demanda aprimoramento constante e resultados cada vez mais expressivos.