O Ministério Público do Estado espera, dentro de um mês, manifestação do governo do Rio Grande do Sul sobre a utilização do herbicida 2,4-D na próxima safra, independentemente dos demais encaminhamentos feitos pelo grupo de trabalho criado. O prazo foi estabelecido após audiência pública realizada nesta terça-feira (23) em Porto Alegre.
Após esse período, o promotor Alexandre Saltz, que cuida do inquérito civil aberto para apurar os impactos da deriva do produto, afirma que avaliará as possibilidades de medida judicial para impor moratória ao produto:
— Esses 30 dias são para que o Estado ou melhore essas propostas ou defina pela suspensão ou não. Por que esse período? Porque em 60 dias começa a aplicação do produto — explicou.
Na audiência, que contou com produtores das culturas afetadas pelo herbicida, o secretário da Agricultura, Covatti Filho, apresentou as oito propostas desenhadas pelo Estado para tentar resolver o problema – e que haviam sido alvo de encontro do grupo de trabalho do 2,4-D na semana passada.
Produtores puderam fazer contrapontos às sugestões apresentadas. Valter Pötter, da Estância Guatambu, alertou para problemas em relação às medidas de treinamento e de alerta enviadas via mensagens, além da ampliação das chamadas zonas sensíveis. Para os produtores afetados pela deriva, a suspensão é apontada como a única solução possível.
— É uma questão de sobrevivência. Não é radicalismo. Não existe outra alternativa — afirma Pötter.
O produto é usado nas lavouras de soja para controle de ervas daninhas. Laudos da Secretaria da Agricultura confirmaram resíduos em culturas como a da maça, da uva e da azeitona.