A alta no preço do diesel, que ficará R$ 0,10 mais caro nas refinarias, preocupa o agronegócio. É que essa conta chegará ao setor em pleno período de colheita, quando as máquinas estão a todo vapor no campo, e o combustível se torna ainda mais essencial.
— Aumentar o diesel neste momento é péssimo. Já tínhamos a safra mais cara da história.
E isso só deve piorar — observa Antonio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
A entidade faz levantamento mensal da inflação do segmento — custos e preços recebidos — e, em outubro do ano passado, alertava para o fato de o Rio Grande do Sul estar plantando a safra mais cara da história.
Com a alta expressiva do dólar, os gastos para compor a safra 2018/2019 chegaram a patamares históricos. O diesel tem um peso considerável no valor a ser desembolsado pelos produtores.
Conforme Luz, dependendo da cultura, "se gasta com combustível mais do que com fertilizante". É usado no preparo de solo, no plantio, na colheita.
— Esse é um motivo de preocupação a mais, porque estamos lutando para redução de custos e tratando de questões tributárias, para termos mais competitividade. Esse aumento impacta muito a cultura do arroz — reforça Alexandre Velho, vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
É justamente a prerrogativa de disputar espaço em condições de igualdade com os concorrentes que acaba sendo minada, na avaliação do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), com o aumento.
O presidente da entidade, Alexandre Guerra, lembra que quando sobe o combustível
ou outro tipo de produto, nem sempre é possível repassar para a ponta na mesma proporção:
— O mercado do leite funciona de fora para dentro. Se não consigo repassar, acabo tendo de pagar essa conta.
Neste momento, como é o período de baixa na produção de leite no país, a "fatura" da
alta no diesel deverá ser dividida entre produtores, indústria e também o consumidor. Para Luz, o problema em relação ao diesel, no entanto, não é da política da Petrobras
e, sim, "da carga tributária que incide sobre o produto".