Mais de uma semana depois das declarações do chanceler brasileiro Ernesto Araújo relacionadas à China, em aula magna do Instituto Rio Branco, o assunto segue ecoando pelo agronegócio. No capítulo mais recente, integrantes do Instituto Pensar Agro entregaram carta para o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB–RS), na qual externam a preocupação com o assunto.
E, como se houvesse alguma dúvida, também reforçaram o peso desse parceiro comercial: "o desenvolvimento da economia chinesa tem elevado as demandas dos produtos agrícolas brasileiros". O Brasil, acrescentam, tem superávit de US$ 32 bilhões com o país asiático. Soja, celulose, carne bovina, frango, açúcar e algodão estão entre os itens mais exportados.
Moreira recebeu o documento, mas considera o episódio, tratado em reunião com o chanceler, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e integrantes da FPA, resolvido:
– Ele (Ernesto Araújo) utilizou muito mais como figura didática do que qualquer posição com relação a isso. Agora, tem uma missão brasileira nos EUA, e o Paulo Guedes (ministro da Economia) deixou claro que o fato de se buscar outros mercados não significa nenhuma relação de menosprezo a quem quer que seja.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), vice-presidente no Senado da frente, reforça que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, "já contemporizou o assunto":
– Ela pontuou o que tinha de se pontuado.
Tereza Cristina, que presidia o grupo até assumir a pasta, tem não só o respaldo do setor, como conhece em detalhes o funcionamento do negócio, por ser ela própria produtora, o que ajuda a acalmar os ânimos.
Também integrante da FPA, o deputado Jerônimo Goergen (PP–RS), observa que o tema China traz preocupação ao agronegócio. E avalia que o gigante asiático precisa ser tratado "pelo viés econômico e não pelo ideológico".
– O governo precisa unificar a postura quando se trata de relação comercial. Existem acordos firmados pelo Brasil que precisam ser cumpridos – diz, acrescentando que o Planalto está agindo corretamente ao buscar avançar na relação com os Estados Unidos.