SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (18), em Washington, que não haverá redução do comércio com a China.
Alinhando-se mais à ala pragmática do governo Bolsonaro em relação à China, percebida por alguns como ameaça estratégica, Guedes afirmou que o Brasil quer fazer comércio com todos os países, e também aumentar o relacionamento econômico com os EUA.
O governo americano vem pressionando vários países a vetarem a compra de equipamentos da chinesa Huawei, que consideram uma ameaça à segurança. Austrália e Nova Zelândia já cederam aos EUA e vetaram a empresa chinesa. Autoridades americanas também falaram com o Brasil sobre o assunto. Mas na área econômica, não existe a decisão de barrar nenhuma empresa.
"Não precisamos reduzir a exposição à China, precisamos comercializar com todo mundo", disse.
Entendimento na área econômico é de que é importante ter igualdade de condições entre os países para competir, e o Brasil se alinha a democracias liberais capitalistas, mas está aberto a fazer comércio com todo mundo.
"Nós tivemos uma atitude de desinteresse pelos americanos, um potencial parceiro extraordinário, que se agudizou no período do PT"
Ele mencionou que vários países fizeram acordos com os americanos, e o Brasil não.
E afirmou que o objetivo é aumentar exportações de aço e autopeças para os EUA. Vendas de aço aos americanos estão sujeitas a uma cota desde o ano passado, e autopeças podem ser alvo de tarifas em breve.
O ministro da Economia está em Washington como parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que se reúne com o presidente Donald Trump na terça-feira. Guedes encontra hoje o sercet´pario do Comércio, Wilbur Ross, e o representante de comércio (USTR), Lighthizer nesta segunda. Na pauta, a ameaça dos EUA de impor tarifas sobre autopeças e automóveis. O Brasil exporta cerca de US$ 1 bilhão em autopeças.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e o ideólogo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, são dois dos maiores defensores de uma redução de exposição à China. Segundo a Folha apurou, em jantar para o presidente Bolsonaro no domingo (17), a ameaça estratégica representada pela China e a necessidade de reduzir a codependência com o gigante asiático foi um dos principais assuntos.
Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, está em sintonia com as queixas dos produtores agrícolas e organiza uma missão para a China no início de maio, com o objetivo de aumentar o número de estabelecimentos que podem exportar carne bovina, suína e frango para os chineses, além de aumentar a pauta exportadora para o país.