A identificação de resíduo do herbicida 2,4-D em amostra coletada em área urbana – no centro de Santana do Livramento, na Fronteira – traz um fato novo e importante para a problemática do uso do produto no Rio Grande do Sul. Mostra que a deriva não ficou restrita à zona rural. E pede um aprofundamento nas investigações. Por ora, isso é o que se pode dizer.
Qualquer outra análise tem grandes chances de ser leviana e imprecisa. Como observa o médico toxicologista Angelo Trapé, na reportagem da página 10, será preciso fazer estudo clínico epidemiológico para avaliar efeitos à saúde humana. Tarefa essa que cabe ao poder público e precisa ser guiada por parâmetros científicos, sob pena de “causar pânico sem respaldo”. Esse novo apontamento também reforça a necessidade de que a solução deve ser encontrada o mais rápido possível.
O herbicida utilizado em lavouras de soja teve presença detectada em outras culturas, onde vem causando perdas milionárias. Mais do que isso, coloca em risco a diversificação da produção do RS.
Alternativas já estão sendo estudadas, inclusive pelo Ministério Público Estadual, que tem inquérito aberto e espera relatório técnico da Secretaria da Agricultura elaborado a partir de todas as análises feitas.
Por parte de quem acumula perdas, a pressão é para que seja solicitada a suspensão do uso do produto. Na outra ponta, produtores de soja avaliam que medida extrema como essa teria impacto negativo, uma vez que a escolha pelo herbicida, argumentam, se dá não só por ser mais econômico mas, sim, pela eficiência.
Há um ponto de convergência: as suspeitas apontam para uso incorreto do 2,4-D. Isso é um sinal claro de que, independentemente da medida a ser adotada, é preciso também orientar. E monitorar de perto, para ver se as recomendações feitas estão sendo seguidas – ou não.
A solução mais eficaz para o problema exige responsabilidade compartilhada.