Pedido feito por representantes das indústrias de proteína animal ao governador Eduardo Leite será o ponto de partida para que a Secretaria da Agricultura apresente nova proposta de fomento à produção de milho no Rio Grande do Sul. Nos próximos dias, o titular da pasta, Covatti Filho, promete apresentar levantamento em elaboração.
– O governador pediu que fossem feitos estudos. A ideia é desenvolver política com foco na irrigação, abordando também a questão do licenciamento. É um caminho na busca pela autossuficiência – explica Covatti Filho.
Ele ainda não detalhou quais ações diferentes das já existentes poderão ser adotadas – desde 2013, por exemplo, existe o programa Mais Água, Mais Renda. Talvez o principal argumento de convencimento de que o Estado precisa encarar a produção de milho de outra maneira tenha vindo da palavra competitividade. Ou melhor: da falta dela.
Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra esteve na reunião realizada no Palácio Piratini. Ele conta que foi mencionado a Leite a perda de posições do Rio Grande do Sul no ranking nacional em razão da produção do grão ser insuficiente para atender à demanda.
Segundo o dirigente, catarinenses e gaúchos precisam adquirir cerca de 6 milhões de toneladas de milho de outros locais de produção – de dentro e de fora do país. Para se ter uma ideia, o volume é maior do que o estimado para toda a produção do Estado, de 5,63 milhões de toneladas, segundo a Conab.
A necessidade encarece os custos, diminui a margem e, consequentemente, limita o retorno financeiro aos cofres públicos.
– Está ficando muito custoso trazer o milho do Centro-Oeste. Precisamos ter uma briga permanente para fomentar o crescimento da produção de milho – confirma o ex-ministro da Agricultura.
Na sexta-feira, Leite pode conferir de perto um exemplo de que produzir milho pode dar certo e gerar renda. Mas a realidade da AJ Moreno, onde ocorreu a abertura oficial da colheita, está longe de ser a da maioria das propriedades.
O desafio será encontrar uma proposta capaz de garantir uniformidade à produção, evitando que fique à mercê do vaivém das cotações no mercado.
Modelo comemorado
Na cerimônia simbólica que marca a abertura da colheita do milho no Estado, os resultados da propriedade escolhida para receber a festa impressionaram o governador Eduardo Leite. Ele constatou de perto o que a tecnologia pode fazer pela cultura.
A diferença na AJ Moreno, em Santo Ângelo, nas Missões, já começa no espaço destinado ao grão. Na maior parte do Estado, a soja tem preferência. Lá, não. São 220 hectares de milho e 230 hectares de soja. Na área do milho, 190 hectares contam com irrigação.
A produtividade média soma 240 sacas por hectare. No sequeiro, são 200 sacas. Em ambos os casos, bem acima da média estadual – estimada em 124 sacas para a safra atual, segundo a Conab.
Vice-prefeito de Santo Ângelo e presidente da 19ª Feira Internacional do Milho (Fenamilho), Bruno Hesse reforçou que o uso de sistemas de irrigação em pequenas propriedades ajudaria a reduzir o déficit da produção de milho.