Mais do que precedente para outras ações que tramitam na Justiça americana, a decisão da Corte da Califórnia que determinou indenização milionária a um jardineiro com câncer tem trazido à alemã Bayer efeito sobre as cotações dos papeis da companhia. Na esteira da batalha judicial, as ações registraram queda expressiva.
A primeira definição veio em 10 de agosto. Dewayne Johnson deveria receber US$ 289 milhões em razão do perigo a que foi exposto, inadvertidamente, pelo uso do glifosato. De lá para cá, a desvalorização é de 32%. No pregão seguinte ao anúncio, houve recuo de 10,39%.
A companhia, que em agosto concluiu a compra da americana Monsanto, “dona” do produto alvo da ação, entrou com recurso.
No último dia 22, veio nova decisão. A juíza manteve a indenização, mas reduziu significativamente o valor, para US$ 78 milhões.
Na ocasião, por meio de nota, a Bayer afirmou que a diminuição era “um passo na direção correta”, mas que “o veredito de responsabilidade e a concessão de indenização não têm base nos elementos do processo ou no direito”.
De novo, no entanto, o que se viu na bolsa foi uma queda.
Neste caso, de 9,45% na sessão posterior ao anúncio. Esse movimento reflete o temor trazido pelo caso, de que possa influenciar outras ações em andamento nos EUA.
O produto, amplamente utilizado no mundo todo, também foi alvo de processo no Brasil, onde a Justiça Federal chegou a determinar a suspensão do registro, até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária concluísse a reavaliação toxicológica do herbicida, iniciada em 2008. A decisão foi posteriormente revertida.
O glifosato é considerado essencial para a agricultura moderna – mais de 90% das lavouras de soja brasileiras fazem uso dele, dentro do sistema de plantio direto, que revolucionou o cultivo. Por outro lado, o produto tem sido alvo de questionamentos por conta de riscos à saúde.
E é justamente esse o ponto que tem cobrado seu preço à Bayer.