Responsável pela emissão do receituário agronômico – prescrição necessária para uso de agrotóxicos nas lavouras –, o engenheiro agrônomo poderá ampliar sua autonomia na indicação dos produtos. Acordo firmado entre o Ministério da Agricultura e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) alterou o regramento. Até então, a recomendação de uso ficava restrita à determinada pela bula do químico. A partir de agora, o profissional poderá ter liberdade para fixar dosagem, também ficando apto a recomendar as chamadas misturas (dos produtos) em tanques.
– A mudança tem o objetivo de reduzir os gastos. Com a mistura de tanque, é possível fazer uma aplicação só, desde que os produtos sejam compatíveis – explica Gustavo Lange, presidente em exercício do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RS (Crea-RS).
Secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Luís Rangel ressaltou, durante apresentação do documento, que isso aumenta a responsabilidade, porque o agrônomo “deixa de ser um copiador para ser engenheiro, usando todo seu conhecimento”, cabendo ao Confea a tarefa de fiscalizar o exercício profissional. Ele garante que o profissional tem conhecimento para tomar tais decisões.
– Essa parte da fisiologia das plantas é bastante estudada na faculdade de Agronomia – afirma Lange.
O diretor da divisão técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), João Augusto Telles, tem a mesma opinião:
– É um técnico, estuda princípios ativos, toxicologia, está nas lavouras.
A Divisão de Insumos Agropecuários da Secretaria da Agricultura, responsável pela fiscalização da venda de agrotóxicos do Estado, afirma que fará análise da alteração quando tiver em mãos o documento completo.
Um dos pontos de atenção é o de que, com as novas regras, em tese, o agrônomo poderia receitar o uso de defensivo para cultura diferente da que a do registro.
– Não está explícito, mas é um primeiro passo. Na própria instrução normativa se fala na criação de manuais, para ser melhor detalhado – explica o presidente do Crea-RS.