Não bastassem os efeitos negativos das operações Carne Fraca, do embargo da União Europeia a 20 frigoríficos, da greve dos caminhoneiros – que gerou prejuízo de R$ 3,15 bilhões no país no setor de proteína animal – e da tabela de preços mínimos de frete, a indústria brasileira de frango tem agora novo revés. A China decidiu impor tarifa de até 38,4% (o percentual varia conforme a empresa) ao produto brasileiro que entra no país asiático. A medida começa a valer neste sábado (9).
A medida é resultado de investigação iniciada pelo governo chinês no ano passado, a partir de pedido feito por produtores locais sob a argumentação de dumping. Ainda é provisória, com a decisão final a ser anunciada no próximo mês de agosto. Até lá, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) promete tentar reverter a taxação.
Em nota, a entidade afirmou que "não há qualquer nexo causal entre as exportações de carne de frango do Brasil e eventuais situações mercadológicas locais", acrescentando que medida "é um retrocesso nas boas relações comerciais construídas por brasileiros e chineses ao longo desta década".
Os embarques continuarão sendo feitos, porque o país asiático depende da proteína brasileira para conseguir atender à demanda de sua população de mais de um bilhão de pessoas. Mas a barreira tarifária certamente encolherá ainda mais os resultados do setor que ainda tem de lidar com a alta dos custos (puxada pela valorização do milho, um dos principais insumos da alimentação de animais).
Vale lembrar que a China é o segundo maior importador de frango do Brasil. No ano passado, comprou 391,4 mil toneladas de carne de frango, o que corresponde a 9,2% de tudo o que o país embarcou no período.
Terceiro maior produtor e exportador de frango do país, o Rio Grande do Sul tem sete frigoríficos habilitados à exportação para a China, e também sentirá os efeitos dessa medida.