Com a mobilização dos caminhoneiros completando uma semana, os efeitos da greve se aprofundam. Estimativa da indústria mostra que 32 milhões de litros de leite foram perdidos e 150 mil animais por dia, entre aves e pintos, morreram por falta de alimento no Rio Grande do Sul. No país, 64 milhões.
– Em um e outro ponto se consegue negociar a passagem, com muito sacrifício – afirma Alexandre Guerra, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
Ainda que fosse possível chegar com a matéria-prima para processamento, não seria factível retomar a linha de produção. É que começam a faltar outros insumos utilizados pelas empresas.
E as maiores dificuldades ainda estão pela frente. Mesmo quando as estradas tiverem o fluxo normalizado, será necessário mais de uma semana para conseguir colocar a produção primária nos trilhos.
– Hoje (dia 27) já tem alguns caminhões de rações sendo escoltados. Mas depois que voltar, serão necessários, no mínimo, 10 dias para normalizar tudo – projeta José Eduardo do Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Só em receita, a indústria de aves do RS estima perdas diárias de R$ 20 milhões – não entram nesta conta os impactos financeiros dos animais mortos por falta de alimento.
Os frigoríficos de suínos somam R$ 14 milhões de prejuízos diários. A maioria das plantas segue sem operações.
– Para começar a movimentar os abates, é necessário ter combustível. Depois, abrir espaço nas câmaras frigoríficas, para só então iniciar os trabalhos nas unidades – estima Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa).
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) diz que a regularização do abastecimento de alimentos para a população poderá levar até dois meses.
E o pior: estima aumento de preços ao consumidor, “caso a greve se estenda ainda mais”.