Tensa e tumultuadíssima são algumas das definições para a reunião que aconteceu nesta segunda-feira (5), em Porto Alegre, para tratar do processo de liquidação judicial que envolve a Cotrijui. Ao final, entre quem participou, não houve consenso na interpretação sobre o resultado do encontro com representantes de associados, prefeitos, administrador nomeado pela Justiça e os maiores credores da cooperativa.
De um lado, os produtores insistiam na reivindicação de terem permissão para acompanhar a nova gestão da cooperativa, nomeada após a antiga direção ser destituída pela Justiça, depois de o Ministério Público (MP) deflagrar operação para apurar fraudes na Cotrijui, como o possível desvio de grãos. Os associados alegam que precisam de uma segurança maior para entregar a safra na cooperativa e, por isso, têm de estar mais próximos da administração.
Um dos articuladores da reunião, o deputado federal Jerônimo Goergen (PP) diz que será formalizada uma comissão de produtores que fará a interlocução com os administradores judiciais. Para isso, vão tentar a autorização do juiz Guilherme Mafassioli, da 1ª Vara Cível de Ijuí, que estava de férias. Um encontro será buscado amanhã para tratar do assunto.
– Todo o esforço é para viabilizar o recebimento da safra. O encontro terminou bem – avaliou Goergen.
Do outro lado do balcão, a interpretação é de que nada foi construído. Entre os grandes credores, a visão é de que não há nenhum problema em os associados receberem informações sobre os números que forem levantados pelo administrador judicial sobre a situação da Cotrijui, que tem dívida estimada em R$ 1,8 bilhão. Bem diferente, no entanto, é permitir que participem das decisões. A intenção é deixar o administrador judicial trabalhar e colaborar para não tumultuar mais o processo. Turbulência extra poderia destruir ainda mais o valor dos ativos da cooperativa. A postura, porém, depende da influência que este grupo de produtores conseguir.