Sócios de uma cooperativa por décadas símbolo da pujança do agronegócio brasileiro, eles depositaram suas colheitas e parte de seus sonhos no lugar onde cresceram e no qual foram ensinados a confiar. Lembram-se de cor o número das matrículas usadas corriqueiramente nos supermercados, nas lojas de insumos, nas contas correntes e nas vendas de grãos. O orgulho de fazer parte da trajetória de sucesso da Cotrijui deu lugar nos últimos anos ao desgosto — em um misto de angústia, revolta e tristeza no noroeste do Rio Grande do Sul. Em relatos carregados de emoção, produtores revelam casos de depressão e até mesmo de atitudes extremas.
— Cheguei a pensar em me matar — conta um agricultor de Ijuí com mais de R$ 200 mil para receber e que preferiu não se identificar.
Na última segunda-feira, a decisão da Justiça de levar a Cotrijui à liquidação judicial expôs a face agonizante de uma cooperativa que foi a maior da América Latina na década de 1970 e hoje acumula dívidas ao redor de R$ 1,8 bilhão.