O que foi bom poderia ter sido ainda melhor. Os resultados da balança comercial do agronegócio brasileiro, apresentados nesta terça-feira (16) pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, confirmam a consistência do setor ao apontar o segundo maior superávit da história. Mas diante do cenário de safra recorde – e com a soja sendo o carro-chefe das exportações, respondendo por 33% dos US$ 96,01 bilhões embarcados pelo setor no ano passado – ficou um gostinho de quero mais.
É que a desvalorização das commodities fez com que o desempenho ficasse limitado. Mais do que isso, encolheu a renda do agricultor, como fez questão de ressaltar Blairo:
– Isso mostra claramente que os preços das commodities têm caído nos últimos anos, e o produtor tem se mantido pela produtividade. O agronegócio está bem, aumenta produção, produtividade, mas não a renda do produtor, e isso é um sinal amarelo para um país que tem nesse setor seu grande sustentáculo em momentos de crise.
A colheita e o rendimento estão sendo garantidos, mas a sustentabilidade da atividade, não. Isso pode representar um risco não apenas para o produtor, mas para todo o agronegócio que, por sua vez, foi essencial para garantir o desempenho positivo da balança comercial brasileira – os demais setores apresentaram déficit de US$ 14,87 bilhões.
O ministro também aproveitou a ocasião para demonstrar preocupação com o projeto que tramita no no Congresso e prevê a revogação da Lei Kandir. A possibilidade da retomada de taxação do produtos, em especial do setor primário, é um fantasma que assombra o setor.
Desde que passou a vigorar a lei, em 1997, o saldo da balança comercial do agronegócio cresceu 582%, passando de US$ 12,2 bilhões para US$ 81,86 bilhões.
– O Ministério da Agricultura fará um documento consistente para senadores para demonstrar a preocupação com esse assunto – garantiu.
A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) já demonstrou, em mais de uma vez, preocupação com esse tema e usa o exemplo do período das retenciones argentinas para mostrar os piores efeitos que a taxação pode causar. Os sinais amarelos exigem atenção.
Balança favorável
Saldo entre exportações e importações do agronegócio foi o segundo melhor da história (em US$ bilhões)
2016
Exportação: 84,93
Importação: 13,63
Saldo: 71,31
2017
Exportação: 96,01 (13%)
Importação: 14,15 (+3,9%)
Saldo: 81,86 (+14,79%)