Se em 2017 a comercialização de soja andou a passos lentos – com uma ou outra movimentação um pouco mais acelerada –, neste início de ano o mercado está parado. Resultado da espera por preços melhores, que têm relação direta com o desenvolvimento das lavouras sul-americanas, em pleno período de safra. Em 6 de dezembro iniciou-se movimento de queda da commodity na Bolsa de Chicago. De lá para cá, o preço do grão acumulou recuo de 6,4%, segundo Luis Fernando Roque, analista da Safras & Mercado, ficando abaixo dos US$ 10 o bushel (medida equivalente a 27,2 quilos).
– Em dezembro, houve melhora nas projeções do quadro climático, e o mercado começou a sentir a pressão. O principal ponto hoje é o clima da América do Sul.
Na Argentina, o tempo estava ruim, mas melhorou – voltou a chover. No Rio Grande do Sul, onde há previsão de La Niña, com quadro de redução do volume de chuva, por ora, a condição é considerada satisfatória. Claro, como lembra o consultor em agronegócio Carlos Cogo, falta muito tempo para a colheita, ainda podem ocorrer problemas.
– Agora, estão todos de olho aqui, no que acontece no Brasil e na Argentina – confirma.
O especialista acrescenta o ingrediente dólar na equação dos preços em baixa do principal grão produzido no Estado. Em estratégia arriscada, produtores estão segurando os negócios, apostando em valorização que poderá vir na carona de eventuais problemas climáticos.
– Mas o Brasil está se encaminhando para uma safra grande – pondera Roque.
Em linha com esse cenário, as vendas no mercado futuro estão abaixo da média para o período. Dados mostram 30% da safra negociada no Brasil, quando o normal seria em torno de 38%, e de 17% no Rio Grande do Sul, ante média de 25%.
– O mercado está parado. As pessoas estão esperando para ver como se desenrolam questões no cenário nacional também, como a reforma da Previdência – acrescenta Cogo.