A movimentação no porto de Rio Grande em 2017 deve alcançar patamares recordes. Estatísticas oficiais estão sendo finalizadas, mas, até agora, os números permitem afirmar que o desempenho foi histórico. Deve ficar em torno de 40 milhões de toneladas. Boa parte desse resultado foi puxada pelos embarques do complexo soja. Segundo o diretor de infraestrutura da superintendência do porto, Paulo Somensi, 40% do volume total veio do segmento.
A projeção é de que o ano feche com cerca de 13 milhões de toneladas de soja em grão exportadas, totalizando 16 milhões de toneladas do complexo soja. Além da supersafra colhida – de 18,7 milhões de toneladas –, também contribuiu para esse aumento de volume o grande estoque que havia ficado de 2016.
– Janeiro e fevereiro, com certeza, foram atípicos, com movimentação fora da curva. O produtor estava com a soja estocada, mas acabou tendo de esvaziar os silos para a entrada da nova safra – explica Somensi.
Situação que deve se repetir em 2018. A Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs) estima que o estoque de passagem fique entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas.
– Tem muita coisa armazenada ainda. A comercialização chegou a cerca de 70%, e todo mundo tinha soja "em casa", porque o volume produzido foi muito grande – confirma Vicente Barbiero, presidente da Acergs.
Com a colheita de milho avançando a partir de agora, será necessário abrir espaço nos armazéns. A preocupação das cerealistas só não é maior porque a produção deverá encolher 15,5%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De qualquer forma, cenas registradas no ciclo passado, quando a soja teve de ser guardada a céu aberto, em piscinões, poderão se repetir. Investimentos represados pela espera da liberação do crédito prometido no Plano Safra complicam a equação.
– Sabemos que teremos problemas imensos, de novo, de armazenagem no Estado – confirma Barbiero.