Com o fim da contribuição sindical compulsória – medida trazida pela reforma trabalhista –, federações e sindicatos ligados ao agronegócio precisaram refazer as contas para o ano de 2018. E terão de reforçar as ações executadas, com o objetivo de incentivar que, voluntariamente, o produtor decida fazer o pagamento.
Uma das principais entidades do Rio Grande do Sul, a Federação da Agricultura (Farsul) estima que, neste primeiro ano sem a obrigatoriedade, deva arrecadar apenas 30% do valor até então recolhido. Para lidar com essa diferença, precisou fazer ajustes. Houve enxugamento da estrutura, inclusive com redução do quadro de funcionários.
– É claro que essa questão nos preocupa. Para 2018, o orçamento está garantido, organizado. Já estamos pensando no ano de 2019 – observa Gedeão Pereira, presidente da Farsul.
O dirigente avalia que federações e sindicatos maiores se prepararam para a mudança e organizaram as despesas a partir disso. Mas, os menores, que têm dificuldades de arrecadação própria, são motivo de preocupação. Estimativas feitas à época da reforma apontam que mais de 3 mil sindicatos devem desaparecer no país devido ao fim da contribuição obrigatória.
Gedeão avalia que, em um primeiro momento, o agricultor será resistente a fazer o pagamento, mas "só até descobrir que o sistema sindical é vital à existência do seu negócio":
– Em contrapartida, precisamos melhorar a nossa comunicação com a base. Temos de estar mais conectados.
Com 8% da receita vinda do pagamento até então imposto por lei, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) tem uma situação um pouco mais confortável.
– Há tempos viemos saindo um pouco desse regime, não somos totalmente dependentes da contribuição. Temos 250 mil associados no Rio Grande do Sul que fazem contribuição social, que é facultativa – diz Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
Neste novo cenário, só sobreviverá quem conseguir mostrar que realmente faz a diferença na vida do produtor.