Até agora, o discurso era uníssono, a favor da retirada da vacina contra a febre aftosa. O Rio Grande do Sul até solicitou auditoria ao Ministério da Agricultura. Mas nesta terça-feira, uma das principais entidades de raça, a Associação Brasileira de Angus (ABA), emitiu nota se posicionando contrária à medida, a ser adotada conforme plano nacional. O presidente José Roberto Pires Weber diz que a decisão foi unânime entre a diretoria.
Uma série de motivos embasam a manifestação. O primeiro é a crise econômica, que tem tornado escassos os recursos públicos para investimentos básicos. "É difícil acreditar que haverá suplementação de verba para viabilizar todo o controle necessário para garantir o cumprimento das regras de trânsito de animais conforme determina a legislação em caso de retirada da vacinação", explica a nota.
Há ainda a avaliação de que, mesmo com imunização, o Brasil tem acesso às vendas em países dos cinco continentes.
– Estamos com mercado internacional aberto, não entramos em um ou outro país. A procura é tanta que não conseguimos atender à demanda – pontua Weber.
Mas um dos fatores que mais traz inquietação é o das indenizações em caso de foco da doença e necessidade de abate sanitário. A associação aponta que a compensação feita não leva em conta animais com genética diferenciada. Rogério Kerber, presidente do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), diz que os critérios são estabelecidos pelo setor, por meio do conselho técnico operacional da pecuária de corte.
– Seria conveniente que a entidade contatasse os representantes de entidades representativas e colocasse em pauta essa observação – completa Kerber.
Secretário da Agricultura do Estado, Ernani Polo contrapõe que o pedido de auditoria não é igual a retirar a vacina:
– O foco do trabalho é com objetivo de melhorar e evoluir no status sanitário. Se você põe metas, sempre melhora.
Está aberto o primeiro round de discussões desse tema controverso.