Mesmo com a desistência de um centro universitário catarinense de oferecer o curso de Medicina Veterinária por meio do ensino à distância, entidades ligadas a esses profissionais seguem mobilizadas para evitar que outras instituições abram cursos nessa modalidade. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) protocolou no Ministério da Educação (MEC) pedido para que o curso seja incluído na lista dos que precisam passar pela avaliação do Conselho Nacional de Saúde – caso de Medicina, Psicologia e Odontologia. No Direito, o parecer é feito pela Ordem dos Advogados do Brasil.
Para quem desembarcou agora, a polêmica é a seguinte. A Unifacvest, de Lages, Santa Catarina, anunciou recentemente que iria implementar o curso de Medicina Veterinária à distância. A iniciativa foi recebida com preocupação por veterinários e teve grande repercussão nas mídias sociais. O barulho foi tamanho que a universidade acabou desistindo de colocar o curso em prática.
– Se me perguntarem se vai ter Medicina Veterinária à distância, digo que possivelmente. Mas não sei se nós teremos – diz Geovani Broering, reitor da Unifacvest.
Ainda assim, o CRMV-RS resolveu agir. E promete seguir a mobilização daqui para a frente, até o governo ceder, passando a ter como exigência a necessidade de uma avaliação prévia antes da liberação do curso à distância.
– Hoje, 25% das aulas podem ser à distância e não nos opusemos a isso. Mas todo o curso? Como o aluno vai fazer a cadeira de inspeção de alimentos assim? Como vai aprender a operar à distância?
O veterinário é um profissional que necessita de prática na formação. Nossa pressão será forte – afirma o presidente do CRMV-RS, Rodrigo Lorenzoni.
Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado (Simvet-RS), Maria Angélica Zollin de Almeida também entende que a formação desse profissional é incompatível com o ensino à distância:
– A parte da inspeção das carcaças de animais nos frigoríficos, por exemplo, é feita pelo veterinário. O aluno tem que ver, tem que praticar. Estão facilitando muito.
Maria Angélica faz parte, inclusive, do Conselho Nacional de Saúde. E diz que desde que está lá, há quatro anos, tem feito ao MEC a solicitação para incluir a Medicina Veterinária na lista dos cursos que precisam de parecer prévio antes da liberação.
Mesmo sem curso à distância em andamento, a pressão será mantida. Lorenzoni diz que se a garantia não vier pelo ministério, tentará via Congresso algum projeto de lei em que, para liberar o registro, o conselho exija a formação por meio presencial.