A pressão do partido Solidariedade poderá resultar em uma secretaria especial voltada à agricultura familiar, com status de ministério e ligada à Presidência da República. Deixado de lado na divisão dos cargos de alto escalão do novo governo, a sigla está negociando a criação do órgão com o presidente interino Michel Temer. A ideia é desvincular o setor do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e emplacar um integrante da legenda em um cargo com mais peso político.
O nome mais cotado para assumir a pasta, caso seja confirmada, é o deputado federal Zé Silva (SD-MG), que chegou a ser indicado para comandar o extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O parlamentar já foi secretário da Agricultura de Minas Gerais e presidiu a Emater mineira no período de 2003 a 2010.
– Queremos um espaço no governo onde o programa social do partido possa ser executado, com a integração de trabalhadores urbanos e rurais – disse o deputado.
A criação da secretaria com status de ministério seria uma das condições impostas pelo Solidariedade para integrar a base aliada do novo governo. O presidente nacional do partido, deputado Paulinho da Força, foi um dos parlamentares que mais defenderam na Câmara o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O partido irá comandar o Incra e a Agência Nacional de Tecnologia Rural (Anater).
Se a criação for confirmada, as quatro secretarias que integravam o extinto MDA e fazem parte hoje do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário migrariam para o novo órgão. A extinção do MDA foi alvo de críticas de entidades e parlamentares ligados à agricultura familiar, que temem que o setor perca programas específicos, como o Pronaf e o crédito fundiário.
– A natureza da agricultura familiar requer uma política específica, em um órgão separado – reiteira o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, deputado Heitor Schuch (PSB-RS).
Nesta quarta-feira, o parlamentar gaúcho apresentou emenda para tentar retirar o MDA da lista dos ministérios extintos pelo novo governo.