O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
A busca por salários maiores, por óbvio, conflitos éticos e problemas de estresse no trabalho são recortes sobre os gaúchos que chamam atenção em um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho sobre os motivos de pedidos de demissão. A pesquisa de múltipla escolha, realizada em todo o país, mirou em 4 milhões de pessoas que deixaram seus empregos por vontade própria entre novembro de 2023 e abril de 2024. A elas foram feitas perguntas através do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital. Apenas 53 mil pessoas responderam ao levantamento. Mas essa amostra foi equilibrada e suficiente para se levantar dados importantes, garante a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho da pasta, Paula Montagner.
À coluna, ela apresentou e comentou recortes exclusivos obtidos entre os 3,8 mil participantes do Rio Grande do Sul:
– O que a gente vê dos gaúchos não têm grandes diferenças em termos de o que importa mais e do que foi mais sinalizado como um problema pelo resto do país, que é o salário. Mas há alguns pontos que se destacam – pondera.
Um deles é a falta de reconhecimento. Entre os homens, 24% apontou isso como um motivo para se demitir. Entre as mulheres, que tradicionalmente fazem essa alegação em maior percentual, esse era um problema para apenas 21%.
Questões geracionais
Aspectos culturais também se destacaram nos resultados entre os gaúchos. Um dos principais foram os problemas éticos com a forma de trabalho das empresas. Motivo para 22% de quem respondeu a pesquisa e um problema maior para mulheres (24%) e trabalhadores mais jovens (de 18 a 24 anos, também 24% apontaram).
Entre os motivos relacionados à saúde, o estresse provocado por pressões no trabalho também se sobressaiu. Novamente, os jovens estão entre a principal fatia – 24,3% para quem tem de 18 a 24 anos e 25 a 29 anos e 19,8% para a geração de 30 a 39 anos. Mulheres também são quem mais fala em adoecimento por estresse, 25,6%, diante de 17% entre os homens.
– São questões muito geracionais e modernas, que certamente não apareceriam em pesquisas de décadas atrás. Talvez, víssemos serem apontados problemas com a chefia direta, mas não temas éticos. Também se falava muito de doenças físicas e pouco das mentais.
Rotatividade
Mas por que um número alto de pedidos de demissão é importante se o desemprego está baixo – 6,9% no país e 5,9% no RS? Paula Montagner explica que a rotatividade prejudica a formação de trabalhadores com conhecimentos sólidos, motivo que levou o Ministério do Trabalho a investigar os pedidos de desligamento, cerca de um terço de todas as demissões segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
É assinante mas ainda não recebe a carta semanal exclusiva da Giane Guerra? Clique aqui e se inscreva.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna