Desacelerar não é deixar de crescer e o setor de energia solar é um exemplo disso. Após a disparada nas vendas de sistemas fotovoltaicos em 2022, quando os clientes queriam aproveitar a isenção de taxa para uso da rede elétrica, os números sobem, mesmo que com menos intensidade. O Rio Grande do Sul, por exemplo, passou agora em março das 400 mil unidades abastecidas com geração própria de 296 mil sistemas. Outro número redondo que chama a atenção é que o setor acumula geração de 80 mil empregos no Estado, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).
Ainda entre os dados apresentados pela coordenadora estadual da Absolar, Mara Schwengber, está a potência instalada de 2,6 gigawatts, com R$ 14 bilhões em investimentos e pagamento de R$ 3,3 bilhões em impostos, que entraram nos cofres públicos. Em tempo, todas as 497 cidades gaúchas têm pelo menos um sistema solar instalado.
Desafios regulatórios
Quando os consumidores pisaram no freio após a entrada em vigor da retomada gradual da cobrança da taxa, o setor se adaptou e passou a apostar na instalação de usinas solares maiores para energia por assinatura, com foco, por exemplo, em donos de apartamentos e salas comerciais que não têm telhado ou terreno para ter seu próprio sistema. O Tribunal de Contas da União (TCU), porém, está vendo irregularidades quando há venda, especialmente por grandes empresas do setor elétrico, o que prejudicaria os consumidores cativos das mesmas, que não assinam e pagam a tarifa cheia da conta de luz.
Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse recentemente que os subsídios teriam que ser revistos para a geração distribuída, que pega consumidores que produzem sua própria energia solar. Segundo ele, está onerando os demais, que pagam a taxa cheia para manter a rede elétrica. Quem instalou até o início de 2023, segue isento da cobrança até 2045. Quem comprou o sistema depois, entrou na retirada gradual do incentivo, que buscava (e ainda busca) estimular as pessoas a terem sistemas fotovoltaicos.
Ainda requer estímulo
Se por um lado pesa o argumento de que os demais consumidores estão sendo onerados, ainda é importante estimular de alguma forma a instalação dos equipamentos. Quanto mais pulverizada for a geração de energia, menor dependência das grandes distribuidoras de energia, que surfam em monopólios regionais com pouquíssimo poder de fiscalização das agências reguladoras quanto a cobranças e eficiência de atendimento. Além disso, é uma forma de garantir aumento do uso de energia limpa. Comprar no mercado livre, com preço flexível e escolha da fonte de geração, ainda é um privilégio dos grandes clientes, como indústrias. Isso vai demorar para chegar aos pequenos consumidores. No caminho, tem a queda de braço com as grandes companhias de energia elétrica.
Podcast Nossa Economia
Faltas frequentes de luz e demora no restabelecimento pelas concessionárias fazem os leitores perguntarem se o consumidor que gera energia também fica sem quando o serviço é suspenso. Em geral, sim, mas há alternativas. Relembre o podcast Nossa Economia, de GZH:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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