O jornalista Paulo Rocha colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Quase um ano após o colunista Jocimar Farina mostrar 15 problemas no Mercado Público de Porto Alegre apontados por permissionários, a coluna esteve no local para ver o que já foi feito e ainda falta ser resolvido. A prefeitura, através da Secretaria de Administração e Patrimônio (Smap), avançou em algumas pautas, mas ainda deve em outras (veja a lista completa abaixo).
Nesta semana, começam os reparos na rede hidrossanitária, que, segundo o secretário-adjunto de Administração e Patrimônio, Richard Dias, prometem resolver o mau cheiro causado pelo esgoto e o desnivelamento do piso. A obra também prevê a reabertura de seis banheiros, fraldários e vestiários. O Mercado Público é dividido em quatro grandes áreas. Os serviços começam pelo quadrante 4, onde há um espaço destinado a eventos, em frente à lancheria Luz. Após 180 dias, os reparos no piso chegam aos outros quadrantes.
— O mercado está com uma cara nova. Agora temos câmeras de monitoramento (55, no total) e wi-fi gratuito. Faltam algumas coisas. O sistema hidráulico deprecia com o passar dos anos, mas agora está com um problema muito crítico. Precisa ser resolvido — diz o presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), Rafael Sartori.
— O problema que mais enxergávamos, o telhado, foi resolvido. A gente torcia para que não chovesse. Fazia a dança da chuva, mas ao contrário. Isso acabou — completa Sartori, que também é permissionário da Casa de Carnes Santo Ângelo.
Com investimento de R$ 587 mil, a verba para os reparos que iniciam nesta semana vem de recursos do Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio Imobiliário (Fun-Patrimônio). Para ele são destinados, por exemplo, os pagamentos mensais que os mercadeiros fazem para a prefeitura e valores vindos das vendas de imóveis do município. Desde a criação do fundo, em novembro de 2022, já foram investidos R$1.163.054,64 em serviços no Mercado Público.
O que já foi e ainda falta ser resolvido:
1) Casa de máquinas e refrigeração (a ser resolvido)
Como está: A casa é responsável por garantir o bom funcionamento das câmaras frias e de aparelhos de ar-condicionado. Açougues, peixarias e fiambrerias dependem dela para conseguir refrigerar seus produtos, mas os compressores funcionam parcialmente. Como da última vez que a reportagem esteve no local, um rodo é usado para segurar a porta do painel.
O que será feito: A prefeitura diz já ter contratado uma empresa para refazer o quadro de comando da central de refrigeração. A instalação começa nesta quarta-feira (31).
2) Telhado (parcialmente resolvido)
Como estava: Quando a reportagem subiu no forro em março do ano passado, identificou diversas telhas quebradas. Do lado onde houve o incêndio, em 2013, faltava a instalação de uma chapa antifogo, que serve para evitar a expansão das chamas.
O que foi feito: A prefeitura diz já ter resolvido grande parte dos problemas no telhado com reparos que terminaram neste mês. A coluna subiu no forro e não viu buracos nas telhas. O permissionário da confeitaria Copacabana, Manoel Souza, diz que o problema foi resolvido em sua loja, que sofria bastante com as goteiras. Porém, a funcionária do box 8, Claudete Alves Colares, diz que em dias de chuva ainda há pequenas goteiras ao lado de sua loja. A prefeitura diz que "ocasionalmente, um volume extraordinário de chuva pode causar extravasamento nas calhas".
Durante os reparos no forro, a chapa antifogo no lado onde ocorreu o incêndio de 2013 também foi instalada.
3) Banheiros e vestiários (a ser resolvido)
Como está: No segundo piso, dois banheiros estão em funcionamento, um masculino e outro feminino. Quando a coluna esteve no local, eles estavam limpos e sem depredações. Um funcionário da Cootravipa — empresa contratada para fazer a manutenção — trabalhava em um deles.
O que será feito: A partir desta semana, a prefeitura diz que começam as intervenções em outros seis banheiros, fraldários e vestiários.
4) Sala de resíduos (parcialmente resolvido)
Como estava: Os restos de peixe e descarte das demais carnes vendidas de quatro peixarias e seis açougues ficam acondicionados em uma sala dentro do Mercado Público. Ela tem problema de refrigeração, o que causava um forte odor dentro e fora do mercado.
O que foi e será feito: A prefeitura diz que a Associação dos Permissionários fará o reparo em algumas peças da câmara fria. Em julho de 2023, a Smap editou um novo conjunto de regras sobre o manejo e a destinação de resíduos. Isso, segundo o secretário-adjunto de Administração e Patrimônio, Richard Dias, já ajudou a diminuir o mau odor. Quando a coluna esteve no local nesta semana, o cheiro realmente estava mais fraco do que em outras ocasiões. A prefeitura ainda instalará cortinas de ar para manter o ar gelado dentro do espaço. Outro problema, os buracos na calçada pelo lado de fora, causados pela movimentação das cargas, foi resolvido.
5) Rede elétrica (parcialmente resolvido)
Como estava: Uma das queixas dos mercadeiros era sobre quedas de luz. Na ocasião, não havia gerador próprio para casos de falta de energia.
O que foi feito: A prefeitura diz que a CEEE Equatorial fez a manutenção no quadro geral de baixa tensão e nos transformadores que alimentam o mercado, reduzindo ocorrências de queda de energia. O presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), Rafael Sartori, diz que as quedas ainda ocorrem, porém, com bem menos frequência do que antes. O mercado ainda não possui um gerador próprio.
6) Rede de esgoto (a ser resolvido)
Como estava: A rede de esgoto sofria e ainda sofre com a falta de manutenção estrutural. Há mau odor em dias quentes e faltavam até tampas de bueiro em alguns casos. Em outros, elas estavam com problemas de fixação. A água chega a invadir o piso em dias de chuva mais forte.
O que será feito: Começa nesta semana a manutenção hidrossanitária do quadrante 4, onde será feita a troca de canos. Os serviços serão feitos durante a noite, após o fechamento do Mercado Público, depois das 19h. A promessa é que em até 180 dias isso fique pronto, resolvendo o problema de todas as áreas do centro comercial.
7) Piso desnivelado (a ser resolvido)
Como está: O piso tem vários desníveis, o que pode ocasionar acidentes.
O que será feito: A prefeitura diz que o problema ocorre pela invasão de água nos dias de chuva, a ser resolvido com a manutenção hidrossanitária. Depois, o piso será trocado em todas as partes onda há desnível.
8) Limpeza do prédio (a ser resolvido)
Como estava: Não há limpeza nas partes mais altas do prédio, acima de dois metros de altura. E há falhas na limpeza que ocorre no espaço já atendido.
O que será feito: A prefeitura diz que contratará uma empresa especializada para fazer a pintura interna total do mercado, incluindo as partes altas, como colunas e o forro. Gustavo Bittencourt, gestor na Smap e responsável pela supervisão dos serviços de manutenção predial no Mercado Público, projeta que o serviço começará ainda neste semestre.
9) Escada rolante (resolvido)
Como estava: Sem sensor de ativação, as escadas rolantes ficavam ligadas de forma intermitente. As goteiras no telhado faziam com que a chuva caísse em cima dos equipamentos.
O que foi feito: A manutenção realizada no telhado eliminou as goteiras. Atualmente, as escadas rolantes são desligadas após o horário de fechamento dos bares e restaurantes do segundo piso. Foi contratada uma nova empresa para a manutenção dos elevadores e das escadas rolantes.
10) Telhados das bancas (a ser resolvido)
Como estava: Subindo no segundo piso, a reportagem se surpreendeu com a quantidade de sujeira que cai através das frestas diretamente em cima das mercadorias das lojas. Alguns comerciantes ainda protegem seus produtos com lonas instaladas no teto das bancas.
O que será feito: A Smap diz que negocia com os permissionários para desenvolver "uma solução compartilhada" para dividir os custos dos reparos, justificando que no Termo de Permissão Uso diz que a manutenção da área interna de cada banca seria responsabilidade dos permissionários. Porém, a prefeitura não descarta a possibilidade de usar verba do Fun-Patrimônio para fazer os consertos.
11) Equipamentos pelos corredores (prefeitura diz que resolveu, mas...)
Como estava: Uma das reclamações dos permissionários era de que alguns colegas deixavam carrinhos, caixas e sobras de material nos corredores do mercado.
Como está: A prefeitura diz que há fiscalização no espaço e o problema foi resolvido. No entanto, quando a coluna esteve no local, viu dois carrinhos de ferro parados ao lado da escada rolante.
12) Falta de sinalização (a ser resolvido)
Como está: Há falta de sinalização ou as placas estão danificadas.
O que será feito: A prefeitura contratou uma empresa para instalar novas placas indicando os restaurantes, banheiros, elevadores, lojas, saídas e proibições. O serviço será realizado após a execução da manutenção dos banheiros e do nivelamento do piso.
13) Pintura externa (resolvido)
Como estava: Iniciada em fevereiro de 2021, a pintura externa do mercado deveria ter ficado pronta em setembro de 2022. A fachada da Avenida Júlio de Castilhos — primeira a ser recuperada — estava descascando.
O que foi feito: Pintura externa ficou pronta em março de 2023, quando também foram feitos reparos nos pontos que estavam descascando.
14) Guardadores de carros (prefeitura diz que resolveu, mas...)
Como estava: Durante a semana, as vagas da Área Azul da região eram bastante concorridas. Aos sábados, uma parte do Largo Glênio Peres já era liberada para estacionamento, porém, com raras aparições da EPTC e da Guarda Municipal, os flanelinhas tomavam conta quando a fiscalização deixava o local.
O que foi feito: A prefeitura instalou parquímetros em ruas próximas, como a Sete de Setembro e na Avenida Borges de Medeiros, aumentando o número de vagas na região. Porém, o problema com os flanelinhas nos finais de semana ainda ocorre. Em recente conversa com um mercadeiro, ele reclamou à coluna sobre a presença dos flanelinhas no Largo Glênio Peres, que chegam a cobrar R$ 50 para "cuidar do carro", o que acaba espantando a clientela.
15) Relógios (ainda a ser resolvido)
Como estava: Relógios nas quatro entradas do Mercado Público estavam desativados.
O que será feito: Os oito relógios (externos e internos) foram removidos em novembro de 2023. A prefeitura diz que negocia com empresas especializadas para fazer o conserto e modernizar os aparelhos, que antes dependiam de outros relógios analógicos para funcionar.
Investimentos do Fun-Patrimônio no Mercado Público:
- Calhas e telhas: R$ 307.045.99
- Hidráulica e pluvial: R$ 573.551,56
- Videomonitoramento: R$ 166.049,65
- Elevadores: R$ 89.789,92
- Quadro de comando central: R$ 13.454,09
- Elétrica da área de eventos: R$ 8.176,37
- Extintores: R$ 4.987,06
- Total do que já foi e será investido: R$1.163.054,64
Colaborou Guilherme Gonçalves
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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