É uma cooperativa de crédito que está tirando a corda do pescoço de muitos moradores e empresas atingidos pela enchente no Vale do Taquari. Nos últimos dias, a coluna passou a receber diversos relatos de alívio com o recurso disponibilizado pelo Sicredi Região dos Vales, que tem 21 agências em 18 municípios, com 80 mil associados. Com a demora na liberação do dinheiro prometido pelo governo federal, que deixou cooperativas de fora de qualquer repasse, a instituição resolveu providenciar um crédito especial com juro reduzido.
— Tivemos que tomar uma atitude. Estamos enraizados, conhecemos um por um dos impactados, precisamos reconstruir nossos municípios — disse à coluna Ricardo Cé, presidente do conselho de administração do Sicredi Região dos Vales.
No total, R$ 100 milhões para empréstimos com taxa de 1% ao mês, o que fica abaixo, por exemplo, das linhas emergenciais do BNDES e do Banrisul. O pagamento pode ser em 60 meses, com carência de seis meses para iniciá-lo. O dinheiro é do caixa da própria cooperativa, ou seja, dos associados. Tem sido usado muito para capital de giro, ou seja, na operação do negócio, mas também pode ser para comprar equipamentos ou até obras de reconstrução. Há um limite de R$ 2,5 milhões por empresa.
— Reunimos os representantes, explicamos e todos concordaram que não poderíamos nos omitir. Vai impactar um pouco o resultado, mas o mais importante é reconstruir — contou Cé, referindo-se ao esforço para oferecer o dinheiro a um juro bastante abaixo do mercado — Não podíamos ter uma postura comercial. Não vamos deixar nossa turma na mão.
Do total, R$ 25 milhões foram emprestados. Ou seja, ainda há bastante recurso. Os tomadores do crédito são dos mais diversos segmentos, de oficinas mecânicas a supermercados.
— Estão sendo parceirões. Aplicaram 1% de juro, quando poderiam cobrar 1,75% ou 1,40%, que é o mínimo do mercado - comenta o presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado, Álex Sandro Herold.
Já os agricultores, também muito prejudicados pelas enchentes, têm buscado financiamento de linhas voltadas ao agronegócio, com juro subsidiado pelo BNDES. Do R$ 1 bilhão anunciado pelo governo federal ainda em setembro, foi liberado apenas o dinheiro para pequenos agricultores e empreendedores. Os valores para as empresas maiores ainda não chegaram e não há novo prazo.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna