Líderes empresariais do Vale do Taquari estão com dificuldade de conter a insatisfação com a demora para chegar o dinheiro prometido pelo governo federal para negócios atingidos pela enchente. Do R$ 1 bilhão de crédito a juro zero prometido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) há quase dois meses, apenas uma parte chegou em financiamentos do Pronaf, para agricultura familiar. Para sexta-feira (3), está previsto liberar outra parte, a do Pronampe, para micro e pequenos empreendedores. A coluna chegou a questionar o governo, mas ainda não obteve a informação sobre quanto os dois somam. O restante, que permitiria financiamentos de até R$ 2,5 milhões para médias e grandes empresas, ainda não foi nem regulamentado.
Representante da região nas negociações e empresário que teve prejuízo de R$ 50 milhões na sua fábrica de Encantado, Ângelo Fontana pediu uma reunião com o ministro de Comunicação Social, Paulo Pimenta, que estará nesta segunda-feira (30) em Lajeado para repasses voltados à educação e saúde. Fontana quer conseguir uma resposta ao empresariado e avisa que estão se mobilizando para uma manifestação no final de semana para marcar o não cumprimento de promessas 60 dias após a tragédia.
Presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari, Ivandro Rosa também avisa que a pressão será forte nesta semana. Segundo ele, se fala em trancar rodovias.
— A temperatura está aumentando. Estamos dialogando com todos para pacificar, mas compreendemos que uma manifestação é legítima — diz Rosa.
Procurado pela coluna, o responsável pelo escritório montado pelo governo federal no Vale do Taquari e secretário de Comunicação Institucional da Presidência da República, Maneco Hassen confirmou a previsão de que o dinheiro do Pronampe sai na sexta-feira, mas disse haver tentativa de antecipação. Para as empresas maiores, porém, segue sem previsão.
Quanto ao governo do Estado, o descontentamento é de que as medidas econômicas não abrangem todos os municípios que foram atingidos e não é esclarecido o motivo para não incluí-los. Ao ser questionada pela coluna, a Secretaria Estadual da Fazenda afirmou ter definido as cidades que tiveram empresas mais afetadas, mas não informou qual foi o indicador usado para esta seleção.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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