Dona de grandes empreendimentos, como os famosos parques Snowland e Acquamotion, a Gramado Parks está em recuperação judicial desde abril. O endividamento, dentro e fora do processo, passa de R$ 1 bilhão. Dentro da estratégia de reestruturação, foi contratado um novo CEO. Ronaldo Beber falou sobre o negócio ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Como está a reestruturação da empresa e a negociação com a Fortesec, que é a principal credora?
Estamos em um processo responsável, focado em melhoria de eficiência, diálogo com nosso parceiros, colaboradores e credores. Todos os credores são importantes para a empresa, não só a Fortesec. Estamos apresentando números operacionais animadores. Fizemos em julho a melhor temporada da história, com R$ 176 milhões em vendas. Público recorde nos parques e na hotelaria. Todas as linhas de negócio crescendo exponencialmente em relação ao ano anterior. O processo de reestruturação nada mais é do que passar confiança para credores, colaboradores e fornecedores. Do ponto de vista da gestão, houve um acordo societário. Alguns fundadores passaram para o conselho, focados na diretriz de longo prazo, e eu assumi com a diretoria uma função operacional para a reestruturação.
A reestruturação afeta a operação dos parques e hotéis?
Não podemos perder o foco no cliente, entregar aquilo que prometemos. Nosso valor é ter atrações inovadoras, entrega que une hospitalidade, entretenimento e encantamento. Nossos hotéis continuam atuando perfeitamente. Ganharam prêmios recentemente. Nossos parques vêm batendo recorde de visitantes. Recebemos 184 mil em julho. Nossa operação continua firme, forte e mostrando a pujança da empresa.
Quais previsão de quitar o endividamento da empresa?
Na recuperação judicial, tem um trato uniforme com todos os credores. Então, negociações individuais dependem de consensos macro com a Fortesec, com bancos de fomento, comerciais, credores, clientes e colaboradores. Estamos focados 100% em dialogar com eles para que continuem acreditando na Gramado Parks.
Para quem comprou os imóveis, como ficam os prazos de entrega?
Estamos 100% comprometidos nas renegociações para cumprir os prazos de entrega dos empreendimentos. Hoje não temos nenhum com risco grande de não acontecer, pelo contrário. Algumas obras foram suspensas, mas já ocorre a retomada com fornecedores. De resorts, temos uma obra em Foz do Iguaçu (PR) e uma em Carneiros (AL). Temos um parque aquático em andamento, anexo ao resort de Carneiros. Em Gramado, temos um lançamento. A obra está acontecendo, mas em fase inicial.
Vocês vendem no modelo de multipropriedades, que teve aumento da inadimplência. Sentiram também?
A Gramado Parks não sofreu tanto. Há taxas um pouco mais altas de distratos (em multipropriedades), o que é natural pela venda mais agressiva e algumas vezes focada na emoção. O interessante é que nosso cliente entende o modelo de negócios da Gramado Parks, que traz encantamento, e tem uma adimplência maior. Nossas taxas de inadimplência e distrato, felizmente, vêm reduzindo exponencialmente. Há empreendimentos no mercado que trabalham desde 20% a 25% de distrato até 70% ou 80%. Quando vendemos com responsabilidade e entregamos, o cancelamento reduz. No Rio Grande do Sul, há novos players entrando, mas o histórico de cancelamento de Gramado não é alto.
Ouça a entrevista completa:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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