Após a renúncia da antiga diretoria e sob novo comando, a cooperativa Languiru vai rever a forma como está enfrentando a crise nas finanças. O novo presidente, Paulo Roberto Birck, falou sobre os planos ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Produtor de Estrela e associado da cooperativa, ele assumiu no lugar de Dirceu Bayer, que renunciou ao cargo. Confira trechos abaixo e o áudio na íntegra no final da coluna.
Qual o primeiro passo da nova diretoria?
Com o cenário exposto em 30 de março, entendemos que a situação é delicada e começamos a cobrar da então diretoria, o que culminou na renúncia do conselho. Conseguimos montar uma chapa de consenso. Precisamos de profissionalização da gestão, buscar um diretor executivo que cuide dos negócios, enquanto o conselho de administração será mais estratégico, ou seja, ouvir de novo a base, os associados, até porque tenho essa humildade de dizer que não consigo ser o "superpresidente". No ano passado, se faturou R$ 2,7 bilhões. Não é qualquer número, tem impacto muito grande na região, no Estado e no país também.
O que será preciso fazer para recuperar a empresa?
Ainda estamos fazendo o diagnóstico de cada setor. Não foi de ontem para hoje que a cooperativa passou a ter problemas, mas sempre foi transmitida uma mensagem pelo então presidente de que estava bem. Começamos a ficar preocupados em janeiro, quando faltou pagamento de fornecedor.
Vinha se buscando um enxugamento nas áreas de aves e suínos e a parceria com chineses. Será mantida a estratégia?
Continua a equipe contratada para parcerias. O grupo chinês quer o mínimo de 60%, o que nos faz perder a autonomia com o associado. Temos que avaliar se é o caminho. Nosso foco é a transparência da gestão. Não vai ser fácil, vamos ter que encolher, isso já é um diagnóstico trazido pela equipe técnica. Teremos que reduzir abates e volume de carne, vai se refletir no campo. Vamos ter que liberar um ou outro produtor para chegar a um ponto de equilíbrio. O setor de carnes continua puxando a balança. O de aves é mais tranquilo, com queda no preço do milho e da soja, em três meses, já passamos ao positivo. Na carne suína, vai começar a empatar e dar positivo no final do ano. Tinha que ter começado a redução maior há um ano.
Como estão as dívidas?
Temos um alto valor de bancos, de R$ 730 milhões, mas nada está vencido. São investimentos feitos a curto, médio e longo prazo. A dívida de hoje, de R$ 240 milhões, é com fornecedores, transportadores, terceiros e uma parcela com produtores, principalmente de grãos. Por outro lado, temos receita a entrar de vendas de R$ 230 milhões. Nessa lógica, se cobrar tudo o que temos a receber, está praticamente paga todo o atrasado. Com fluxo de caixa zero, claro. Por isso, acreditamos que é possível.
Como ficam os milhares de empregos e a marca tão forte da cooperativa?
A marca Languiru é muito forte e não poderia nunca estar passando por essa situação, por isso a intenção é fazer o processo o mais rápido possível para retomada do protagonismo. Temos 5.709 associados e 2,8 mil funcionários, fora os terceirizados. Chegamos a 30 mil pessoas que dependem da continuidade da cooperativa.
Colaborou Yuri Falcão
Ouça a entrevista na íntegra:
Ouça também o podcast Nossa Economia, de GZH:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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