A empresa Xtay, do Grupo Atrio, de São Paulo, fará a gestão da maior parte dos apartamentos do Cais Rooftop, primeiro projeto imobiliário aprovado dentro das novas regras de construção do Centro Histórico, de Porto Alegre. As 40 unidades foram compradas por grupos de investidores. Depois da reforma, elas serão alugadas por temporada no estilo condo-hotel, quando funciona como um hotel, mas os investidores são donos. O empreendimento, aliás, passará a ser chamado de Xtay Cais Rooftop.
— Vamos entregar um padrão de hotel, com enxoval de qualidade e limpeza das unidades. A Xtay vem para facilitar a locação dos apartamentos — disse Gabriel Fumagalli, CEO da Xtay, em entrevista à coluna.
Estão sendo construídos dois pavimentos a mais no topo do prédio, que fica na esquina da Rua Caldas Júnior com a Avenida Mauá. O edifício ficará com nove andares e terá um restaurante com vista para o Guaíba. As obras começaram em março do ano passado e a inauguração está prevista para janeiro de 2024.
— Os pavimentos do topo receberão o restaurante, o que é possível graças às novas regras. Será uma área de livre acesso, não apenas para moradores, com espaço para 300 pessoas. Queremos trazer mais gente ao Centro — conta o empresário Kleber Sobrinho, que adquiriu o imóvel por meio de suas empresas, a incorporadora Recons e a Toniolo Engenharia. O escritório A3 foi contratado para fazer o projeto arquitetônico.
Entre a compra do prédio e a reforma, são investidos R$ 20 milhões, com geração de 30 empregos. O edifício terá 48 apartamentos, salão de festas, academia, jardim verde no terraço, mercado autônomo no térreo e placas para gerar energia solar. A operação do restaurante ainda não está definida.
Ainda falta vender oito apartamentos, que ficam nos últimos andares. Com tamanho entre 25 a 51 metros quadrados, custam a partir de R$ 400 mil. Para se hospedar nas unidades da Xtay, o agendamento será feito por um aplicativo próprio. O valor do aluguel será estabelecido mais próximo da inauguração do prédio, mas deve variar de acordo com o período do ano.
História do prédio
Construído para ser moradia social em 1946, o edifício chegou a receber ocupações com cerca de 40 famílias. Está a apenas 180 metros do pórtico central do Cais Mauá. O número 11 da Caldas Júnior passou décadas abandonado. Entre 2005 e 2006, chegou a ser usado por assaltantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) que tentavam cavar um túnel até a agência do Banrisul na quadra vizinha, em uma tentativa de assalto que não se concretizou.
Depois, entre 2011 e 2014, famílias de trabalhadores sem-teto ocuparam o local. A chamada Ocupação Saraí travou batalhas judiciais tentando garantir o uso do imóvel. Um decreto do então governador Tarso Genro (PT) o transformou em moradia social em 2014, porém, no mandato do sucessor de José Ivo Sartori (MDB), a reintegração de posse foi pedida na Justiça pelo proprietário. A desocupação definitiva aconteceu em agosto de 2014. Após oito anos, o corretor de imóveis Kleber Sobrinho e três empresas parceiras começaram a reforma completa do edifício.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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