Pelo que os sinais indicam, o Rio Grande do Sul entrará mesmo na corrida da transição energética, que não é estadual, mas sim mundial. O assunto esteve entre os pontos econômicos citados pelo governador reeleito Eduardo Leite no discurso que deu na Assembleia Legislativa na manhã deste domingo (1º).
- Eu também asseguro que vamos concentrar nossos esforços naquilo que proporcione o crescimento econômico com inovação, apostando na transição energética e na sustentabilidade - disse o governador.
Os três tópicos que fecham a frase andam juntos. A transição energética só tem sentido se for sustentável, caso contrário é retrocesso. E, para ela ocorrer da forma rápida como o mundo (principalmente a Europa) precisa, tem que inovar, com muita tecnologia.
Como o Rio Grande do Sul se encaixa nisso? Além de ter uma boa iniciativa privada para uso de energia solar, precisa avançar na energia eólica e ter linhas de transmissão para escoar tudo isso. Tem que colocar mais aerogeradores em terra, mas também na água. A legislação nacional está avançando, enquanto que projetos para alto-mar já estão protocolados pela licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Para a Lagoa dos Patos e águas internas, precisa mudar o zoneamento ambiental do Estado, tarefa que inclui a Federação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Aí, entra outro indicativo de que esse assunto vai andar. Leite manteve Marjorie Kauffmann como secretária de Meio Ambiente e Infraestrutura. Ex-presidente da Fepam, ela já participou de missões internacionais de energia eólica offshore e está debruçada no estudo da McKinsey para o desenvolvimento de uma cadeia de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul. Os detalhes devem ser apresentados em janeiro e ela já disse à coluna que a ideia é tornar um dos projetos prioritários do novo governo.
O hidrogênio e a amônia verdes são combustíveis que podem ser transportados para países com problemas energéticos. São gerados da energia do vento. Têm potencial de movimentar das indústrias metalomecânica da serra gaúcha ao porto de Rio Grande.
O nordeste do país já está correndo neste assunto, com contratos firmados com gigantes do setor e até fábricas de veículos. Ainda antes de ser nomeada ministra do Meio Ambiente, Marina Silva contou, em entrevista à coluna, sobre o interesse que políticos alemães haviam manifestado à ela de comprar hidrogênio verde do Brasil. Ela disse ver o segmento como uma grande oportunidade de investimento. Quem sabe essa efetivamente venha a ser uma das vocações econômicas do Estado?
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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