Giane Guerra

Giane Guerra

Jornalista de Economia, apresentadora da Rádio Gaúcha e comentarista da RBS TV, traz notícias, comentários e dicas da macroeconomia às finanças pessoais.

Jeitinho brasileiro
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Com 6 mil funcionários, empresa de tecnologia criada no RS aposta na "ginga" para conquistar os EUA

Ela foi comprada, mas mantém os sócios gaúchos na gestão e adquiriu três companhias norte-americanas para dar início à expansão

Giane Guerra

Direto de Nova York

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Giane Guerra / Agência RBS
Alexis Rockenbach, sócio-fundador e CEO da Compass UOL

Com origem em Passo Fundo, no norte gaúcho, há 27 anos, a Compass está ganhando o mundo ao criar plataformas digitais para empresas tradicionais, do e-commerce a marketplaces, passando por aplicativos. A empresa de tecnologia da informação foi comprada pelo UOL há alguns anos, tem 6 mil funcionários hoje e manteve os sócios-fundadores na gestão. Entre eles, está o CEO Alexis Rockenbach, que a coluna encontrou na 113ª NRF, feira de varejo aqui em Nova York. Ele está de mudança para São Francisco, nos Estados Unidos, onde a Compass UOL comprou três empresas. Rockenbach acredita que os brasileiros têm uma série de vantagens competitivas para ganhar o mercado internacional. A sede está, agora, em São Paulo, mas ficam no Rio Grande do Sul 25% dos desenvolvedores, que representam 90% dos funcionários. Em Passo Fundo, continua o maior escritório. Há 10 anos, criou a Compass Academy, dando bolsas de estudo para quem tem melhor performance acadêmica na área de TI e mentoria nas tecnologias que os clientes demandam. Já estão em mais de cem universidades, incluindo Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, México e entrarão na Nigéria. 

Quais oportunidades uma empresa de origem gaúcha têm no Exterior? 

O mercado de transformação digital não para de crescer. Cada vez mais, todas as indústrias tradicionais têm o desafio de continuar a evolução para abrir novos mercados e formas de se conectar aos consumidores. Isso acontece no mundo inteiro, inclusive no mercado gigantesco dos Estados Unidos. O talento brasileiro é a versatilidade, uma criatividade que os desenvolvedores e os engenheiros de outros países não têm. 

As empresas norte-americanas não oferecem isso? 

Conseguimos entregar exatamente uma capacidade, um conhecimento e um domínio de plataformas digitais com altíssimo nível do Brasil, combinados à "ginga do brasileiro". Temos um talento e uma capacidade de nos virarmos nessas situações e poder continuar crescendo em cima de oportunidades que vão aparecendo no dia a dia. 

Como essa "ginga do brasileiro" aparece com profissionais que trabalham com tecnologia da informação? 

O mundo de TI (tecnologia da informação) mudou bastante. No mundo antigo, as empresas desenhavam ideias de sistemas, passavam meses especificando, geravam uma receita de bolo e entregavam para um desenvolvedor que ficava meses produzindo aquilo e entregava o produto final. Tinha muito pouca interação, era um trabalho mecânico. A transformação também mudou a forma como a própria TI trabalha. Hoje, o desenvolvedor que participa da construção da plataforma de e-commerce de uma grande empresa está o dia inteiro conversando com a área de negócio, que está com ideias e quer a coisa para amanhã, não para daqui três meses. Então, o brasileiro tem uma capacidade de lidar com essa demanda que vem dos clientes, que a maioria dos desenvolvedores dos outros países não tem. Incrivelmente, o "se vira nos 30" do brasileiro tem um valor gigantesco. No mundo onde tudo acontece tão rápido, é incrível o desenvolvedor criativo, que traz ideias, conversa com o cliente, propõe, senta, faz, mostra, volta. Apesar de nossos defeitos, o brasileiro tem esse talento e tem o que o mercado norte-americano quer. 

Por que vocês vão treinar profissionais na Nigéria? 

Achar talentos é um problema global. Desenvolvemos há anos um programa gigantesco de formação no Brasil, mas ele atende bem o mercado norte-americano porque temos o fuso horário parecido. Quando vamos para o mercado europeu, o Brasil tem até seis horas de diferença. É preciso ter pessoas disponíveis para conversar com o cliente. Então, começaremos um pequeno piloto em uma cidade do sul na Nigéria, chamada Port Harcourt. É uma necessidade para evoluirmos para outras regiões, como Oriente Médio e Europa, onde é difícil com a mão de obra da América Latina. 

Ouça a entrevista na íntegra: 

* A coluna viajou a Nova York a convite de Sindilojas Porto Alegre, CDL POA e FFX Group
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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