Não foi no palco principal que rolou uma das palestras mais interessantes da 113ª NRF, feira mundial de varejo aqui em Nova York, nos Estados Unidos. A futurista de negócios Kate Ancketill fez sucesso em um dos espaços secundários, mas contou com uma plateia lotada para apresentar suas projeções para o comportamento da sociedade, que tem reflexos econômicos e, principalmente, no consumo. CEO da GDR Creative Intelligence, que tem clientes como BBC, Tesco, Sephora a P&G, ela começou sua fala provocando os empresários a manterem a musculatura obtida na pandemia, pois acredita que crises sanitárias podem ocorrer novamente.
Kate enfatizou como a guerra no leste europeu, além de atrasar a recuperação após a pandemia, acelerou o que as mudanças climáticas já estavam exigindo, especialmente no campo da energia. Uma expressão que ganha espaço na Europa, especialmente na Inglaterra, é a sobriedade elétrica, que nada mais é do que ser austero no consumo.
- As pessoas estão usando casaco e gorro no restaurante. Preferem que os pubs fiquem abertos do que fechem por não conseguirem pagar a conta - referindo-se à disparada no custo da energia.
Quando há escassez, automaticamente o preço sobe. Para adaptar-se à economia verde, as empresas terão custos, como, por exemplo, ter frotas de veículos elétricos.
- Temos que nos preparar para o fim da era da abundância de recursos. É preciso fazer mais com menos, reconfigurar valores - complementa.
Fazer produtos que durem mais tempo é uma das diretrizes que a indústria e o varejo devem abraçar. Ou seja, vai no caminho totalmente contrário ao das décadas do descartável.
- Os produtos precisam ser consertados. Não podemos desperdiçar alimentos. O Tesco (rede de supermercados) criou um canal para fornecedores trocarem produtos entre si - conta Kate.
Ela citou ainda um exemplo muito interesse de uma empresa que colocou no conselho de administração um "advogado do meio ambiente". O papel deste profissional é defender as causas ambientais em qualquer decisão que a companhia for tomar. Afinal, os recursos são finitos e eventos climáticos extremos parecem estar cada vez mais frequentes.
Três tendência, segundo Kate Ancketill:
– Mudanças nos eixos de poder, com uma força resiliente descentralizada. Um exemplo é a Rússia deixar de controlar preços dos combustíveis.
– Regeneração inclusiva, com o fim da obsolescência programada e o aumento da longevidade dos produtos. Reuso para uso racional de recursos, sem ostentações. Embalagens e moda, por exemplo, não podem mais ser perecíveis. O desperdício é inaceitável.
– Economia da dopamina, que gere prazer e memórias afetivas. Foco na experiência do cliente.
* A coluna viajou a Nova York a convite de Sindilojas Porto Alegre, CDL POA e FFX Group
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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