Menos de oito meses após abrir na Avenida da Azenha, em Porto Alegre, a casa de carnes que tinha, como um dos investidores, o ex-jogador do Grêmio Douglas Costa, fechou e já foi vendida. A Boi de Ouro foi comprada pelo Frigorífico Belmonte, de Nova Bréscia, após ficar cerca de um mês fechada. De acordo com fontes da coluna, a empresa estava com dívidas ainda da obra e com fornecedores da operação. A compradora, inclusive, era uma das credoras.
Em entrevista à coluna, o sócio da Frigorífico Belmonte, Edegar Barbieri, não quis comentar quais são os termos do contrato — se vai, por exemplo, assumir as dívidas atrasadas da empresa — mas explicou que a estrutura e o foco da empresa serão mudados.
— Apenas adquirimos a estrutura física. Será outro nome, outra empresa. Também teremos outro foco. Vamos apostar em todos os tipos de público, diferente da ideia original, de ter cortes nobres. Também iremos instalar churrasqueira para vendermos carne assada — contou.
De acordo com Barbieri, a operação vai gerar 10 empregos, todos na parte operacional. A ideia é recontratar parte da equipe que foi demitida com o fechamento da Boi de Ouro. Quando do início da operação, foram anunciados 45 empregos. Antes de encerrar as atividades, pelo que a coluna apurou, trabalhavam cerca de 35 pessoas.
Empregados demitidos alegam não ter recebido todas as verbas rescisórias e não conseguir contato com os antigos sócios. O advogado trabalhista Gabriel Emerim está representando um grupo de cinco trabalhadores que entrarão na Justiça para obter os valores.
— Os problemas variam de acordo com cada funcionário, mas o mais comum é verba rescisória. Há também o fato de que a dispensa, no papel, não aconteceu na mesma data em que eles foram efetivamente desligados. Foi uma tentativa da empresa para não pagar uma multa que existe quando a verba rescisória não é paga no prazo de 10 dias da demissão.
Emerim também alega que os funcionários não ganharam por algumas horas extras e que há uma irregularidade no contrato social, já que nele, por exemplo, não aparece que Douglas Costa é um dos sócios.
— Vamos ir atrás dos sócios para conseguir os direitos dos trabalhadores. Como eles já tinham acertado a rescisão e não se trata da sucessão de empregadores, ficará mais difícil conseguir algo com a nova empresa que assumiu o espaço. Vamos tentar com os antigos sócios.
A coluna tentou contato com o sócio Marcos Miotto, um dos quatro nomes a frente do projeto. Ele chegou a responder, à época do fechamento, que a empresa estava em processo de venda. Em tentativas mais recentes de contato, porém, não obtivemos retorno.
A coluna também falou com representantes do jogador Douglas Costa. Em nota, informaram que ele, apesar de ter investido no projeto, nunca chegou a figurar como sócio na Junta Comercial, e que, atualmente, o jogador tenta um acordo para ressarcimento desse montante investindo. Veja a nota na íntegra:
"Na verdade, o Douglas fez um aporte de dinheiro ao sócio e idealizador do negócio, com o intuito de se tornar um sócio investidor da casa de carnes, conforme chegou a ser noticiado na mídia. Douglas, porém, nunca chegou a figurar como sócio na Junta Comercial, e, em última análise, nem faticamente. Ocorre que o negócio contava com algumas condições de validade e eficácia, as quais não foram cumpridas pela empresa e pelo sócio dela, responsável pelo recebimento e gestão dos valores repassados. Atualmente, Douglas vem tentando um acordo para ressarcimento desse montante. Não estamos cientes e nem fomos comunicados ou consultados sobre a venda da casa de carnes, bem como, pelo fato de o Douglas nunca ter tido ingerência administrativa ou financeira na empresa, ou qualquer participação societária ativa, não temos conhecimento acerca das dívidas hoje existentes, em especial com encargos trabalhistas."
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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