A guerra que se desenrola no leste europeu terá impacto em diversos setores econômicos e consequente pressão inflacionária que pesará no bolso de todos os consumidores. Dois mercados são muito fortes tanto para a Ucrânia como para Rússia: o de petróleo e o de fertilizantes. O conflito desencadeará uma instabilidade de mercado que deve ser sentida por todo o planeta. Aqui no Rio Grande do Sul, não será diferente. À convite da coluna, o analista de mercado e sócio da Quantitas Asset, Wagner Salaverry, listou e exemplificou quais as empresas e setores gaúchos que mais devem sentir o impacto da guerra.
- Olhando para as nossas empresas e cadeias de negócio no Estado, aquela que mais diretamente vai ser afetada é o agronegócio. Vai ser afetado com o preço de commodities para cima. Principalmente milho, mas como um todo. Impacto também de fertilizantes. Preços já tinham subido muito durante a pandemia, caíram agora mais recentemente, mas provavelmente isso vai voltar a permanecer em um patamar alto. Não só o problema de preço, mas também a possibilidade de faltar fertilizantes - explica.
Ainda falando em agronegócio, há impacto também da cadeia de trigo, o segundo cereal mais cultivado em todo o mundo e de forte expressão na produção ucraniana.
- Vai fazer preço. Trigo já vinha em um patamar muito alto. Então, é bem razoável que toda nossa indústria de moinhos, biscoitos, massas vai ter mais necessidade de repasse.
O aumento nos grãos e cereais impacta, de maneira indireta, também o preço das carnes, uma vez que produtores precisam usam esses produtos como alimentos nas rações dos animais. Também afeta o preço das cervejas, que utilizam cereais em sua matéria-prima. Lembrando que o Rio Grande do Sul é um forte produtor da bebida, comportando tanto fábricas de grandes marcas como também mantendo uma forte atividade na produção artesanal. Saiba mais sobre o aumento no preço nesses produtos: Cerveja e carne ficarão mais caras; saiba por que
Saindo um pouco da cadeia do agronegócio, outro setor que poderá sentir o impacto da crise no leste europeu é o petroquímico, principalmente de plástico. A Rússia equivale a cerca de 7% do mercado mundial de petróleo na oferta. A falta de abastecimento ou problema na cadeia poderão afetar todo o globo.
- Empresas como a Braskem, o polo petroquímico, serão afetados pelos custos. O petróleo em alta vai dar mais impacto na cadeia plástica, que vai implicar em mais repasses de preços muito provavelmente - fala Salaverry.
Ele enxerga, também, pequeno impacto na cadeia metal-mecânica, em empresas como Randon e Marcopolo:
- Terá impacto indireto em custos: aço tende a subir um pouco, plásticos, pneus. O preço desses produtos já tinham subido desde a pandemia para cá, e a questão é que provavelmente não vão arrefecer.
E o dólar?
- A gente teve um impacto mais recente de queda do dólar no Brasil. Isso ajuda vários importadores, mas ao mesmo tempo, uma guerra se intensificando, ficando em uma escala maior, isso pode voltar aos níveis anteriores. O Brasil, com uma taxa de juros muito grande, tem atraído muito capital, os investidores de fora deixam de alocar em outros países para vir para o Brasil, isso ajuda a pressionar para baixo o dólar. Mas no cenário de guerra, isso pode mudar e o dólar voltar a subir - finaliza o especialista.
Ouça também no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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