A guerra gera forte preocupação em relação a fertilizantes, que poderão sofrer alta de preços e falta de insumos. Rússia e Ucrânia são grandes fornecedores do produto e também da matéria-prima. Fábricas de lá já suspenderam produção antes mesmo da invasão russa. Os itens influenciam muito nos custos do agronegócio, que terá de repassar esses valores gastos a mais, além de prejudicar ainda mais a rentabilidade do produtor, que, no Rio Grande do Sul, já enfrenta a estiagem. Está posta mais uma contribuição para a pressão inflacionária, que sabemos desembocar quase sempre no consumidor. Foi um dos assuntos da entrevista do programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul):
Quais são os impactos da guerra no agronegócio do Rio Grande do Sul?
No ponto de vista do agronegócio, a guerra também é preocupante. Não bastasse a seca, não bastasse a grande perda que estamos tendo, ainda podemos ter um aumento ainda maior nos custos de produção, principalmente no tocante a fertilizantes. Essa última missão do presidente Jair Bolsonaro foi concomitante. Enquanto o presidente foi à Rússia, na semana subsequente a ministra (da Agricultura) Tereza Cristina foi ao Irã. E justamente uma das conversas foi o fornecimento de fertilizantes ao Brasil, porque a Rússia é o segundo maior produtor mundial e exportador do nitrogênio e potássio, e o quarto maior produtor e exportador de fósforo. Ou seja, a Rússia é um player muito importante do mercado internacional de fertilizantes e um grande abastecedor do Brasil. Estávamos observando isso, também tentando diversificar as fontes e buscar alguma coisa de nitrogênio, de ureia, no Irã. E esse país, evidentemente, vai impactar fortemente o nosso agronegócio, dependendo da extensão deste conflito, dependendo das sanções econômicas que os países ocidentais implementarão à Rússia. Nós não sabemos ainda a extensão disso. Ontem, o presidente Biden (Joe Biden, dos EUA) estava anunciando ao mundo as maiores sanções econômicas já vistas pela Rússia. Nós não sabemos se isso vai acontecer ou não porque tem muita interdependência. A própria Europa é extremamente dependente da Rússia em termos de energia, de gás e petróleo. Será que vão cortar essas fontes da Europa? Será que a Europa vai fazer esse tipo de boicote? É uma pergunta. A mesma coisa acontece com os fertilizantes. Será que o Brasil não vai seguir comprando fertilizantes da União Soviética, vai aderir a esse boicote, com graves problemas para nossa agricultura? Realmente, isso seria uma fonte de crescimento exponencial do preço de fertilizante, que já está nas nuvens. Então, isso sim teria grandes impactos. E além do mais, a Rússia é um grande produtor, aliás, o maior produtor mundial do trigo. Ela é uma grande exportadora mundial do trigo. E o Brasil é um importador, ainda, de parte do seu trigo, notoriamente da Argentina, mas de maneira isso terá reflexo nos preços internacionais do trigo. E a Ucrânia, por sua vez, é um grande exportador milho.
Ouça a entrevista completa:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.