A inflação da cerveja e da carne costuma gerar comoção entre os leitores da coluna. Os consumidores estão enfrentando aumentos destes itens desde antes da pandemia e vem mais por aí.
Nos últimos dias, a Heineken afirmou na divulgação de resultados financeiros que teria que aplicar novo reajuste nas bebidas. Os executivos da companhia disseram que os custos de produção subiram a patamares nunca vistos. Isso inclui, por exemplo, taxas de energia, preço de latas e garrafas, combustíveis e o frete global.
A coluna soube de supermercados do Rio Grande do Sul nos quais o repasse já aconteceu. As cervejas da marca tiveram reajustes de quase 10% nas últimas semanas. Supervisor da Cerealista Oliveira - que tem um atacado e seis supermercados na região metropolitana de Porto Alegre -, Pietro Luigi Baldasso Oliveira conta que a sua estratégia foi aumentar as encomendas para ter um estoque e evitar um baque no consumidor.
Ainda assim, o Oliveira comenta que o consumo da marca não caiu, ao contrário. No balanço financeiro mundial, a Heineken informou que o Brasil foi um dos países com melhor desempenho, com venda 10% maior. Mas claro que há o receio de até onde esse movimento se sustenta havendo alta de preços.
A elevação não é restrita a uma marca. O supermercadista Pietro Oliveira conta que os refrigerantes da Ambev terão aumento na virada de fevereiro para março. Além disso, vinhos estão com alta de preços mais intensa do que as cervejas. Aliás, subiram o dobro nos últimos 12 meses, segundo o IBGE.
Agora, vamos às carnes. Dono da Bom Gaúcho, empresa que atua na distribuição e varejo do alimento em Porto Alegre, Felipe Baingo avisou a coluna que cortes usados no dia a dia tiveram aumento de 20% nos últimos 15 dias. Ele citou coxão mole, patinho, coxão de fora e alcatra. Já os nobres filé mignon, picanha e maminha, que estavam muito altos no final do ano, baixaram agora. Segundo ele, não é um momento normal para esta época. Supermercadistas consultados pela coluna já sentem os reajustes dos frigoríficos, mas ainda não nesta intensidade.
Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, Júlio Barcellos conta que o preço da carne comprada da região Centro-Oeste subiu bastante em janeiro. De lá, vem boa parte do que o varejo vende para os gaúchos, já que há vantagem tributária em relação à carne gaúcha, explica ele. O custo de produção tem sido apontado tradicionalmente como motivo de alta ou de queda menor, dependendo da situação. Mas, no mês passado, a exportação de carne bovina disparou, especialmente com a retomada das compras pela China após o fim da suspensão iniciada em setembro.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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