Correção: o nome correto da empresa cuja fiação foi comprada pela Malharia Anselmi é Kurashiki, de Sapucaia do Sul. O texto foi atualizado às 10h06min do dia 24 de janeiro.
Malharia de Farroupilha, na serra gaúcha, a Anselmi, fundada em 1984, registrou em 2021 o maior faturamento e crescimento da história. Em Nova York, a coluna se encontrou com a fundadora da marca, Maria de Lourdes Anselmi, durante a cobertura da 112ª feira de varejo NRF. Em um bate-papo, Maria falou sobre os planos futuros da empresa, o comportamento do consumidor e falou até mesmo sobre a entrada da marca no metaverso. Confira:
Quer dizer, então, que o consumidor usou muito tricô na pandemia?
Sim. Eu acho que o tricô caiu no gosto do consumidor na pandemia por causa do conforto do tecido. Todo mundo querendo comprar as calças que a Anselmi começou a fazer de tricô. Foi uma verdadeira loucura o aumento que tivemos durante a pandemia.
Pois é, vocês criaram produtos durante a pandemia. São produtos que atenderam uma mudança de consumo?
Eu diria que a Anselmi está sempre inovando. Claro que na pandemia o pessoal começou a usar muito tricô e começamos a fazer conjuntos. Começamos a vender o tênis, a calça, a blusa.
Mais confortáveis?
Isso. O conforto, com todo mundo ficando em casa, e na casa dos amigos. O pessoal não usou mais roupa de festa. O tricô caiu no gosto do consumidor durante a pandemia.
E agora que estamos tendo, apesar da situação da Ômicron, por mais que a pandemia ainda não tenha acabado, tu tens identificado uma nova mudança no comportamento do consumidor?
Olha. O nosso tricô da Anselmi é muito bem aceito no mercado. Nós abrimos lojas em São Paulo, Brasília, Campinas. E a marca está se tornando cada vez mais forte, porque temos a preocupação de fazer um tricô de qualidade, com durabilidade. Trabalhamos muito com algodão. É um tricô em que o algodão não faz bolinha, e o pessoal tem o conceito de que as malhas Anselmi não fazem bolinha. A gente tem uma preocupação muito grande na hora da escolha da matéria-prima para realmente fazer um tricô de qualidade.
Vocês tiveram um crescimento de faturamento bastante grande em 2021. Em 2020 também?
Sim. Em 2020, foi em torno de 30%. E agora, em 2021, nós tivemos um crescimento de 67%. Foi o maior crescimento da história da Anselmi, com 40 anos de empresa.
Atingindo também recorde de faturamento, além do maior crescimento?
Sim. Foi o maior crescimento e o maior faturamento da história da Anselmi.
Vocês atingiram quanto de receita no ano passado?
Foram R$ 128 milhões.
E qual a previsão agora para 2022?
A meta é um crescimento de 25%.
Qual a estrutura hoje da Anselmi?
Anselmi hoje está em todos os canais. Temos a pronta-entrega em Farroupilha. Temos venda por atacado para lojista. Temos site para consumidor. Temos 10 lojas físicas. Durante a pandemia, apareceu a oportunidade de que a Kurashiki, que era de Sapucaia do Sul, encerrou a operação dela há dois anos, e vieram nos oferecer a fiação. E nós, como tínhamos um prédio com estação de tratamento, compramos a fiação e agora estamos produzindo a própria matéria-prima. Começamos a produzir o fio, a malha, vendemos no atacado, vendemos para o consumidor. Então a gente está com toda a cadeia na nossa mão.
E a Anselmi vai entrar no metaverso?
Com certeza. Temos que estar sempre inovando, e pelo jeito o metaverso é a nova tecnologia.
Pois é. Eu perguntei porque estamos conversando de Nova York e um dos assuntos que mais foram falados foi o metaverso, universo virtual onde as pessoas vão trabalhar, estudar. Os lojistas empresários vem para cá para buscar ideias e o metaverso está sendo apresentado como essa possibilidade. A ideia é, quem sabe no futuro, os avatares possam usar as malhas da Anselmi?
Com certeza. Conversamos com uma pessoa aqui em Nova York que já está desenhando os produtos no metaverso. Então, a Anselmi vai entrar no metaverso para vestir os avatares também.
Tens também um trabalho social bastante forte. Qual é?
Em Farroupilha, eu ajudo o hospital São Carlos. Eu entrei nas voluntárias da saúde há cinco anos porque nosso hospital estava fechando. E quando aconteceu a pandemia, eu sabia o quanto o hospital estava precário. E no momento de pandemia, precisamos de hospitais. Fiquei em casa 15 dias quando fechou tudo, e fui para empresa começar a produzir máscaras, jalecos, abrigos. Aí, os hospitais me ligavam, de Caxias do Sul, Farroupilha, Porto Alegre, Viamão, para ver se eu tinha máscara, jaleco, abrigo para doar para os hospitais. Fizemos bastantes doações durante a pandemia. E para mim, quando eu comecei a ajudar as pessoas, me fez muito bem. Fazer o bem nos faz bem. Isso me deixa muito feliz em poder ajudar o próximo. Vejo que esse mundo teria que ser mais humano, empático. Vejo que muitas pessoas poderiam ajudar. Se nós que podemos não ajudarmos, quem vai? Acho que as empresas precisam fazer o papel delas. Eu sei que não é fácil ser empresário, todos os impostos que temos para pagar, mas a gente precisa fazer a nossa parte também.
Vocês conseguiram, inclusive, pagar mais salário para os funcionários com a receita que tiveram. E eu digo vocês porque a Anselmi é uma empresa familiar que é conduzida por ti e pelos teus filhos, certo?
Sim. A gente resolveu fazer isso porque a gente acha que a empresa pode fazer isso. De dar o 14º salário. Colocamos as metas para nossos funcionários. Vai lá no lado do relógio-ponto, pessoal vê o faturamento do mês, colocamos a meta do ano e, se conseguirmos alcançar tanto, paga 14º salário. E em 2021, conseguimos também pagar o 15º salário para os funcionários. Isso me deixa muito feliz.
Além da meta de aumentar em 25% o faturamento, além de entrar no metaverso, que mais vocês têm de planos futuros?
O plano que temos é ir para Europa. Começar a vender online para Europa. Nossa plataforma está ficando pronta para vender mundo afora. A Anselmi fez uma parceria em Portugal para começar a vender e ter estoque no nosso produto lá para atender o mercado europeu.
E já vende para fora do país?
Nós vendemos alguma coisa, mas não temos uma plataforma pronta. Vamos instalar agora no final do mês.
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* A coluna Acerto de Contas, do Grupo RBS, está em Nova York para cobrir a 112a. NRF, feira anual de varejo, a convite de Sindilojas Porto Alegre e CDL Porto Alegre. Participa do grupo FFX Eperience.