Nem sempre a recuperação judicial de uma empresa dá certo. Às vezes, vai à falência. Mas a coluna soube de um exemplo no qual nem a quebra na Justiça foi o fim da empresa. É o caso da Graintek, uma indústria de alimentos de Pelotas com origem na década de 90, com uma companhia chamada Cerealle. Ela pediu recuperação em 2019, quando enfrentava uma crise financeira provocada por dívidas trabalhistas e uma cisão societária.
O endividamento era de R$ 26 milhões. Em assembleia, os credores não confiaram na capacidade de recuperação e optaram pela falência. Porém, a administração judicial entendeu que a empresa, que tinha se mantido ativa no período, podia se recuperar, mantendo sua contribuição à economia e os 70 empregos. Solicitou, então, a falência continuada, o que foi aceito pela Justiça.
- Se fechasse as portas, os empregos seriam perdidos. A lei não quer isso, quer a continuidade da empresa. Não é um pedido comum de administração judicial, assim como foi inovador o juiz ter aceitado e confiado - conta o administrador judicial Fábio Cainelli Almeida, da Cainelli de Almeida Advogados.
Após o "ok" judicial para a nova tentativa, os donos foram afastados e começou o trabalho para manter a continuidade da operação enquanto se negociava a venda. Em 10 dias, se conseguiu um comprador, que arrematou em leilão diferenciado a operação da empresa e o maquinário por R$ 5,8 milhões mais uma linha de crédito. Além disso, a holding BLK, de Novo Hamburgo, que comprou via Nutri Cereais se comprometeu a recontratar todos os trabalhadores por, no mínimo, seis meses.
Na segunda-feira (10), será feita a transição oficial da empresa, quando o comprador assumirá a operação. Ainda há um imóvel avaliado em R$ 10 milhões, que será vendido para pagar as dívidas ainda da recuperação judicial.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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