Sem acordo, a negociação entre Petrobras e Ultrapar para venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) foi cancelada. A refinaria fica em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. A sua venda faz parte da política de desinvestimentos da estatal, que também conduz negociações para outras refinarias no país. As duas empresas estão enviando comunicados aos acionistas nesta sexta-feira (1º).
"Apesar dos esforços envidados por ambas as empresas nesse processo, certas condições críticas não tiveram êxito para um acordo, optando-se pelo encerramento das negociações em curso, sem penalidades para nenhuma das partes.", diz trecho do fato relevante da Petrobras.
A privatização da refinaria vinha sendo conduzida nos últimos anos. Em abril de 2019, a Petrobras iniciou o processo de venda das refinarias, como resultado de um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para encerrar o processo que apurava abusos da posição de líder de mercado da estatal. Com a Ultrapar, a negociação começou no início de 2021. A ideia era encerrar a negociação agora em outubro com a venda à Ultrapar.
Dono da Ipiranga - conhecida dos gaúchos, o grupo Ultra chegou a vender outros ativos para levantar os recursos para a compra da Refap. No comunicado, a companhia reforçou que não se chegou a um acordo, mas disse que seguirá acompanhando o programa de venda de ativos da Petrobras. Mas, agora, a ideia da estatal é retomar a negociação com um novo interessado, sem estabelecer, no entanto, prazo para isso:
"(...) a Petrobras iniciará tempestivamente novo processo competitivo para essa refinaria.", complementa no comunicado.
No Rio Grande do Sul, os ativos da Refap à venda compreendem a refinaria de petróleo, dois terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos extensos. Eles interligam a refinaria e os terminais, dando acesso direto à cadeia de suprimento de petróleo e ao mercado consumidor de derivados de petróleo. Segundo a Petrobras, o Cluster Refap representa 9% da capacidade de refino de petróleo do país, ou seja, 208 mil barris por dia. A última ampliação ocorreu em 2006.
Comunicado da Petrobras:
"A Petrobras, em continuidade ao comunicado de 19/01/2021, informa que finalizou sem êxito as negociações junto à Ultrapar Participações S.A. (Ultrapar) para venda da Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul.
Apesar dos esforços envidados por ambas as empresas nesse processo, certas condições críticas não tiveram êxito para um acordo, optando-se pelo encerramento das negociações em curso, sem penalidades para nenhuma das partes.
Assim, a Petrobras iniciará tempestivamente novo processo competitivo para essa refinaria.
Os processos competitivos para venda da Refinaria Gabriel Passos (REGAP), em Minas Gerais, Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (LUBNOR), no Ceará, e Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, continuam em andamento visando a assinatura dos contratos de compra e venda. As refinarias Landulpho Alves (RLAM) e Isaac Sabbá (REMAN) já tiveram seus contratos de compra e venda assinados.
A Petrobras reforça o seu compromisso com a ampla transparência de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio e informa que as etapas subsequentes dos projetos em curso serão divulgadas ao mercado."
Comunicado da Ultrapar:
"Apesar dos esforços envidados pelas partes durante esse processo, certas condições críticas definidas na proposta vinculante da Companhia não se confirmaram no curso das negociações, desequilibrando a equação de risco e retorno esperada. Com isso, a Ultrapar informa que não irá renovar sua proposta vinculante, optando por encerrar as negociações em curso, sem penalidades para nenhuma das partes. A Ultrapar está concluindo a fase de racionalização de seu portfólio com os desinvestimentos em andamento da Oxiteno, Extrafarma e ConectCar. Com um portfólio mais complementar e sinérgico, a Ultrapar reduzirá significativamente sua alavancagem financeira, ampliando sua capacidade de investimento. Nesse sentido, a Ultrapar continuará investindo no crescimento da plataforma existente nas verticais de energia e infraestrutura, por meio da Ipiranga, Ultragaz e Ultracargo, bem como em novas oportunidades de negócios alavancados na transição da matriz energética brasileira. A Companhia também continuará acompanhando os desdobramentos do programa de venda de ativos da Petrobras."
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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