Gigante do setor, a Calçados Beira Rio está dando um passo importante no projeto para destinar as 500 toneladas de resíduos que suas fábricas produzem por mês. Atualmente, metade já vai para fabricação de novos produtos por meio da reciclagem. A ideia é que o restante passe a gerar energia. Após três anos de preparação, a empresa recebeu licença da Fepam para construir um projeto-piloto que fará essa transformação. A unidade ficará em Taquara, junto da fornecedora Ambiente Verde.
Quem contou - entusiasmado - sobre o assunto à coluna foi o deputado estadual Dalciso Oliveira (PSB), que também é empresário do setor calçadista e participou da apresentação do projeto nos órgãos de licenciamento. A coluna também conversou bastante com o diretor industrial da Beira Rio, João Henrich. Segundo ele, o projeto todo receberá um investimento de até R$ 15 milhões e tem potencial de gerar 200 empregos.
- O retorno do investimento se dará em até cinco anos. Vamos começar com uma planta-piloto para analisar o impacto da operação - detalha Henrich.
Inicialmente, a unidade consumirá três toneladas de resíduo por dia. São sobras da produção de calçados, que serão aquecidas em fornos em um processo chamado de pirólise. Com isso, gera gás de síntese e carvão que é rico em hidrogênio e é usado em geradores elétricos, fornecendo energia. Já o carvão residual é reaproveitado integralmente na produção de componentes para calçados.
- Após a fase de testes está prevista a construção de uma usina que consumirá 400 toneladas mensais de resíduos, gerando 1,4MW (megawatts) de energia - conta o diretor.
A planta-piloto ficará em uma área de 258 metros quadrados. Ela terá uma unidade de pirólise, operação da usina, recebimento de materiais, depósito, descarga e administração. O projeto será acompanhado pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A tecnologia de pirólise ainda é pouco usada no país. No início do ano, um empresário de Santa Catarina conseguiu chamar a atenção do presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto prometendo investir em 200 usinas caso o setor tivesse regulamentação. A ideia é que, com um marco legal, investimentos e linhas de financiamento sejam viabilizadas com mais facilidade. O modelo se baseia nas regras para as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e na geração distribuída (quando o consumidor gera sua própria energia). Recentemente, a pirólise entrou no Programa Combustível do Futuro, que está sendo proposto pelo Ministério de Minas e Energia.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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