Conhecido empresário do Rio Grande do Sul, Roberto Argenta conversou com o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) para falar sobre a nova fábrica da Calçados Beira Rio em Mato Leitão, inaugurada no mês passado. Além de presidir a calçadista, ele também conduz os negócios no Recanto Maestro, onde é idealizador e entusiasta do Azeite Recanto Maestro. Em fevereiro, foram colhidos entre 40 e 50 hectares de oliveiras, com 1,2 tonelada do fruto. Ele antecipou a intenção de construir uma fábrica do produto e criar uma escola de gastronomia na região.
Confira:
A Calçados Beira Rio inaugurou recentemente uma nova fábrica da Beira Rio reconstruída em Mato Leitão. Como foi?
Logo que houve o incêndio, programamos construir uma fábrica diferenciada. Vamos receber a matéria-prima lá, cortar e, depois, enviaremos para terceiros, que são nossos prestadores de serviços. Por fim, ela volta para conferência e embarque. Estamos com todo equipamento novo e pretendemos, ao longo dos próximos meses, contratar em torno de 180 funcionários. No auge, serão 1,5 mil prestadores de serviço.
Até pela fábrica ser uma etapa da cadeia, isso?
Exatamente. Nós estamos trabalhando também, muito forte, com América Latina e com a Califórnia, nos Estados Unidos. Estamos fazendo um trabalho bom para ampliar nossas exportações. Exportamos para todo o mundo, mas para a América Latina é mais fácil, a moda é mais semelhante. Até agosto ou setembro, esta unidade estará a pleno vapor.
Veja a entrevista também em vídeo:
A marca Beira Rio é muito conhecida, mas qual é a estrutura da empresa hoje?
Nós temos aproximadamente 9 mil empregos diretos. Temos 11 fábricas no Rio Grande do Sul, que ficam em Igrejinha, Osório, Sapiranga, Novo Hamburgo, Roca Salles, Teutônia, Santa Clara, Mato Leitão e Candelária. Além disso, temos em torno de 300 prestadores de serviços. A grande maioria é gaúcha. Há um complexo todo que se beneficia. Estamos instalados aqui em Novo Hamburgo, com a nossa unidade de desenvolvimento de produto, onde está o polo calçadista do Brasil. Também damos uma assistência grande para nossos clientes na parte de marketing, divulgação, e tudo isso faz com que a empresa se mantenha e cresça.
Como a empresa enfrentou a pandemia?
Nós produzimos mais de 2 milhões de máscaras e distribuímos para nossos funcionários, fornecedores, clientes, hospitais e prefeituras da região. Além disso, compramos respiradores e luvas, que foram distribuídos para hospitais da região. Foi nossa contribuição. Se precisar fazer mais, faremos também. Outra coisa importante: para mantermos nossa equipe, funcionários, terceiros e fornecedores, nós produzimos no ano passado 18 milhões de pares para entrega futura. Conseguimos vender a maior parte deles entre setembro e dezembro e, agora, neste período, também estamos fazendo alguma coisa para manter a estrutura da empresa e nossos prestadores de serviço poderem pagar seus funcionários. Acreditamos que, de agora em diante, com avanço da vacinação, as coisas vão melhorando e, a partir de agosto, teremos uma normalidade no mercado brasileiro e latino-americano.
A empresa vende em lojas multimarcas? E tem e-commerce também?
Vende em multimarcas, através dos nossos clientes. Nós temos e-commerce para eles, que vão ao consumidor final. Ajudamos eles a divulgar seus estabelecimentos, mas as vendas são sempre deles.
Quais são os planos futuros da empresa?
Nossa atuação vai ser consolidar o mercado interno brasileiro e trabalhar, cada vez mais, com América Latina. Acreditamos que a América Latina é mais um Brasil, e que podemos ampliar nossas vendas. Nós estamos, agora, iniciando um prédio em Candelária, uma região com 70 municípios e que tem a base da economia dos pequenos produtores o fumo. Então, eles precisam de oportunidade de emprego para os filhos. Acreditamos que esteja concluído até agosto ou setembro e que, até lá, as vendas correspondam. Já temos uma unidade lá, mas essa nova será no modelo de Mato Leitão.
Recanto Maestro
Outro assunto: o Recanto Maestro. O senhor tem uma atuação muito forte lá e é um espaço que está em expansão, certo?
Neste ano, iniciamos o curso de ciências contábeis na faculdade. O nosso sonho no futuro é ter uma faculdade de agronomia também, pelo potencial da agricultura no Rio Grande do Sul. Em 2021, também vamos inaugurar uma escola de gastronomia e estamos trabalhando na construção de uma fábrica de azeite de oliva, já que temos plantação de oliveiras por lá. Já tivemos uma produção neste ano, e vai aumentar para o próximo. Nós queremos que, naquela região, onde tem bastante dependência do fumo, tenha também o plantio de oliveiras. Esperamos que dê certo e que, no futuro, sejamos um dos grandes produtores de azeite de oliva do mundo. Nós produzimos hoje só 0,2% do consumo nacional. Existe um mercado grande pela frente. É um investimento de longo prazo, mas acreditamos que é possível crescer com a produção.
E o parque termal, como está?
Ah, o parque termal é maravilhoso. Nós estamos concluindo um resort com 360 apartamentos que deve ficar pronto até setembro, outubro. A água de lá é salgada. Ela sai a 42ºC e tem propriedades medicinais fantásticas, tanto para pele como para problemas de atrite. Também, ao longo deste ano, acredito que vamos começar a engarrafar a água termal e vender nas farmácias, como são vendidas as águas termais europeias, especialmente da França. E, no futuro, teremos possibilidade de engarrafar água mineral, que é de altíssima qualidade. O Recanto Maestro vai muito bem. A faculdade é o motor. Empresários fazem MBA lá, fazem cursos, mandam diretores para fazer o curso, e tem contribuído muito para o desenvolvimento das empresas. O principal objetivo é formação de lideranças empresariais e políticas. O importante é formar as pessoas. Se nós as formarmos bem, depois elas fazem seu trabalho junto com o social, tendo sucesso e gerando empregos.
Pretensões políticas
O senhor vai concorrer ao governo do Estado?
Eu acho que tenho condições de dar minha contribuição para o Estado. Já fui prefeito, foi muito bom. Já fui deputado federal, e, agora, como a Calçados Beira Rio está muito bem, o Recanto está indo bem, quero dar minha contribuição para o Estado, especialmente para trabalhar em cima da área de educação, na formação de pessoas, e na geração de empregos. Tenho discutido ideias com algumas pessoas para geração de empregos. Queremos que, em municípios que não tenham indústria, o Estado dê 15 anos de isenção de ICMS. Podemos limitar a R$ 50 mil por mês para evitar a guerra fiscal, mas temos que incentivar o empresário gaúcho a investir no seu município. Tomo a região central como exemplo. Agudo produz muitos moranguinhos, mas chega na safra e não tem para onde colocar. Tem que ter uma fábrica de doces. São oportunidades que existem no Estado e que vou trabalhar para isso. Quero ser o melhor governador do Rio Grande do Sul, e que o Estado seja o melhor do Brasil.
Ouça também no programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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