Junto com a desaceleração da economia chinesa, a ameaça de calote da dívida de US$ 313 bilhões da gigante Evergrande tem derrubado a cotação do minério de ferro. A construção responde por 25% do PIB da China, que é a segunda maior economia do mundo e motor para muitos outros países. É, aliás, o principal destino das exportações gaúchas. O crescimento abaixo do previsto da economia chinesa tendo a pisar mais um pouco no freio. A Evergrande é a segunda maior incorporadora da China.
Dito isso, lembre-se de que o minério de ferro é a principal matéria-prima do aço. Com a disparada da cotação internacional da commodity desde o ano passado, o aço também foi às alturas. Com a demanda excessiva, também chegou a ficar escasso. Construtoras, fábricas de automóveis, indústrias de eletrônicos e até o pequeno serralheiro sentiram com força esse efeito. E, claro, o consumidor percebeu nos preços.
Agora, o recuo também começa a chegar na ponta. Por enquanto, pelos relatos à coluna, a queda ainda é tímida, ainda mais na comparação com o aumento registrado desde 2020. Outros insumos também tendem a sentir a redução no consumo chinês, como cobre e plásticos. O apetite voraz da China ao longo de anos de crescimento acelerado tornou o país mercado formador de preços mundiais.
E, para fechar, o minério de ferro também tem peso forte no IGP-M, o índice de inflação usado no reajuste de contratos. O mais conhecido é o aluguel. A segunda prévia do indicador em setembro chegou a trazer deflação de 0,58%. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), se não fosse o recuo de 20% no minério nos últimos 30 dias, ele teria subido 1%.
Mas cuidado que o acumulado de 12 meses, que costuma ser usado nos contratos, ainda é alto. Ele fica em 24,93%, mas chegou a superar 35% antes de o minério de ferro começar a cair.
Sim, redução de preço vem em boa hora, considerando a inflação alta no Brasil. Ainda assim, o motivo não é bom. Outros impactos nos negócios podem ser sentidos no caso de uma quebra desordenada da Evergrande, além de um encolhimento no mercado chinês.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe:
Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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