Mais um passo na sua missão de integrar informações pulverizadas foi dado pela 4all, empresa de tecnologia com sede em Porto Alegre. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a criação do Quiq, uma plataforma em parceria por nove empresas do setor de restaurantes: Domino's, Outback, Giraffas, Rei do Mate, Cia Tradicional do Comércio (dona de Braz Pizzaria, Pirajá, Lanchonete da Cidade e Ici), Grupo Halipar (Montana Grill e Jinjin), BFFC (Pizza Hut, KFC, Bob’s e Yoggi), Arcos Dorados Holdings (McDonald's) e Grupo Trigo (Spoleto). Na prática, ela será usada por essas e por outras empresas para "enxergar" em um único lugar os pedidos de delivery feitos pelos marketplaces já conhecidos, como Rappi e iFood, e pelos canais próprias das marcas. O programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, conversou com Gustavo Schifino, "head" de Desenvolvimento de Plataforma Digital da empresa, para saber mais sobre a novidade. Confira:
Que plataforma é essa?
É uma iniciativa da 4all, que construiu uma joint venture com nove dos principais operadores de "food-service" do Brasil para simplificar e organizar os pedidos online de delivery. É uma plataforma que orquestra, que facilita muito para o restaurante. Imagine o quão difícil é para um restaurante que pretende estar em várias plataformas. Imagine uma pizzaria que esteja no iFood, no Rappi, no Uber Eats, que tenha seu canal próprio, que vá para o Magalu, Abastece Aí... Na era digital, temos que estar onde o cliente está, no momento em que o cliente está e da forma que o cliente deseja. Então, as marcas querem estar em vários marketplaces, mas não conseguem, acabam ficando em um, no máximo dois, por pura falta de tecnologia. Imagina quantas abas do computador, como tu vai gerir um cardápio de demanda online em quatro ou cinco lugares ao mesmo tempo. Então, construímos uma plataforma que organiza os pedidos de vários lugares. Eles caem em um único processo de gestão. O restaurante consegue decidir qual a melhor alternativa para fazer a entrega e ter o seu cardápio presente em qualquer que seja dos originadores.
O Quiq não vai ser exatamente um concorrente dos markeplaces tradicionais?
O Quiq não é mais um marketplace, não é concorrente direto do iFood, do Rappi, do Uber Eats. Ele é essa camada de orquestração. Recebe os pedidos de vários lugares e organiza em um lugar só, o gerente do restaurante faz a gestão da chegada de pedidos e vê qual a melhor forma de resolver logisticamente a questão. O cliente perceberá pela excelência do serviço ao encontrar a marca preferida em vários lugares diferentes onde hoje ele não encontra pela dificuldade dela de estar em todos.
Assista à entrevista completa:
O Quiq "fala" também com o consumidor final?
Diretamente, não. Somos uma camada B2B (ou seja, de empresa para empresa). Fazemos a parte intermediária para que o restaurante se relacione melhor com os seus consumidores. O nosso foco enquanto plataforma é acelerar e promover o canal próprio do negócio, onde ele não tem custos dos marketplaces. O restaurante tem que redirecionar a audiência para a sua própria plataforma, e é isso que fazemos com o Quiq.
Por exemplo, se eu tiver um restaurante, e quero usar o Quiq para organizar, posso usar minha plataforma de venda direta, mas também os marketplaces. Mas, claro, com a possibilidade de fortalecer meus canais. Seria isso?
É isso. Imagina que tu estejas no teu restaurante e que ele fabrique pizza, mas faltou um determinado ingrediente que compõe uma pizza. Com o Quiq, você terá uma plataforma para facilmente desabilitar essa pizza no cardápio online de todos os lugares onde que a marca está, assim como reabilitar. Então, eu dou ao restaurante uma condição única de fazer a gestão. Os varejistas que optarem em ter essa plataforma, dificilmente vão incidir sobre esse tipo de erro, de vender produto esgotado, de deixar o cliente aguardando um motoboy que não está adequado para aquela região dele. Essa plataforma organiza. E é legal fazer uma empresa em parceria com McDonalds, Bobs, Giraffas.
Outros restaurantes também poderão usar a plataforma?
Sim. Iniciamos a empresa com essas marcas porque precisávamos ter uma garantia de audiência mínima para conseguir chegar com o produto a um custo muito acessível aos restaurantes. E agora a nossa intenção é chegar a 61 mil restaurantes com R$ 100 milhões de investimentos em cinco anos. Temos hoje no Brasil 400 mil estabelecimentos operando por delivery e takeaway, a ideia é atingir 15% deste mercado rapidamente.
Por que a operação do Quiq teve que passar pelo Cade?
Em geral, o órgão antitruste nos países atua de duas maneiras: quando tu faz uma aquisição e precisa identificar se o mercado ficará refém daquela união ou quando empresas muito grandes se reúnem. No nosso caso, 4all com essas marcas que foram citadas, passa de um valor de investimento e precisa submeter ao Cade.
A 4all, na origem, já tinha o objetivo de integrar operações. Só estão focando, agora, em um segmento específico?
Perfeito. Já fazemos isso há algum tempo. A 4all tem seis anos. E sou "head" justamente de desenvolvimento de plataformas digitais. Nosso papel é dar um novo significado na era digital para as empresas que já têm uma relevância no seu ambiente clássico, físico. Construímos plataformas importantes para grupos como Pão de Açúcar e Ambev. Então, construímos plataformas para dar maior relevância e fazer com que os clientes se relacionem de maneira integrada com os produtos que consomem.
De largada, vocês começam com quantos estabelecimentos?
Saímos com 3 mil estabelecimentos, que são os restaurantes dos sócios. Agora, com a fusão do BK com a Domino's, teremos cerca de 4 mil restaurantes. Já nos primeiros dois anos, chegaremos a 20 mil restaurantes.
A sede da 4all continua em Porto Alegre?
Sim, uma em Porto Alegre e outra em São Paulo. Toda a nossa área de desenvolvimento está em Porto Alegre. Mas estamos com profissionais espalhados pelo Brasil inteiro, inclusive em outros países, no trabalho remoto.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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