Acabei de chegar na minha "casa-redação" após um bate e volta até a Serra para apresentar um evento. Em tempos pré-pandêmicos, isso seria algo comum. Em algumas épocas da minha vida, ocorria de duas a três vezes na semana durante a alta temporada. Mas hoje foi a primeira mediação presencial que faço há um ano e meio. Terminou e já fiquei com saudade.
Eu apresento eventos há 20 anos, antes mesmo de começar a falar no microfone da Rádio Gaúcha. Ser mestre de cerimônias, mediadora de debates ou palestrante sempre me trouxe muito aprendizado e prazer. Se ficava mais de mês sem fazer, já dizia: "ai, que saudade que tô dum evento." Depois, como repórter de economia, aprendi a garimpar pautas fortes nas feiras de negócios pelo Rio Grande do Sul, Brasil e em outros países. Conheci produtos, assisti negociações e fiz ótimas fontes assistindo painéis sentada no chão ao lado de CEOs de grandes empresas.
Evento é bom. E o online não substitui o presencial. Hoje, mediei pela RBS um debate no Gramado Summit sobre indústria e tecnologia. Fiz várias caretas para segurar a máscara no lugar enquanto falava e não podíamos tomar água no palco, me avisou o mestre de cerimônias Leandro antes de nos chamar ao palco. Tudo bem, sem problemas. Fiquei até mais tranquila.
A plateia também não podia participar porque não era permitido passar microfone. Necessário, claro, mas senti aqui o impacto mais forte das mudanças porque sempre gostei dessa interação, que eu uso, inclusive, para conduzir o conteúdo para o que interessa ao público. Contornei, pedindo que enviassem perguntas pelo meu Twitter. Não foi a mesma coisa, até mesmo porque vi que algumas mensagens foram enviadas inbox só quando saí do evento.
Eu não podia cumprimentar as pessoas com um aperto de mão forte e fazia um esforço para sorrir e expressar pensamentos com os olhos para os painelistas Thomas Antunes, Eduardo Lorea, Elias Rigon e Solon Stahl, que dividiam o palco comigo. Eu passei batom, mas nem apareceu com a máscara que não saiu um segundo do rosto. Mas o sapato de salto e a minha "pastinha de couro de eventos" estavam bem visíveis.
Todas as cadeiras, bem distantes uma da outra, estavam ocupadas. Não dava para cochichar, mas tudo bem. Acho que muitos, como eu, estavam "com saudade dum evento". Auditório de eventos de negócios, para mim, tem cheiro e som característicos. Isso não mudou. O estudo do assunto, a chegada no local, o credenciamento, avisar a organização sobre qualquer passo ao lado que dou, verificar microfone, checar os nomes dos convidados e conversar com as pessoas ao descer do palco, isso tudo foi igual, com passadas de álcool gel no meio.
O retorno será lento, eu sei. Mas vai acontecer, e eu espero ainda agradecer muitas vezes "pela presença de todos neste evento". O setor precisa, a economia requer e muitos profissionais dependem disso.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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