O Conselho de Administração do Banrisul aprovou apresentação de resposta ao governo do Estado sobre o pedido para rediscutir ou fazer um novo contrato sobre a exclusividade em serviços relacionados à folha de pagamento do funcionalismo estadual. Essa "resposta" manifestará o interesse da instituição financeira em avaliar a negociação.
O acordo que pode ser renegociado é de 2016 e teria duração de 10 anos. Ainda faltam cinco anos. O aviso sobre o pedido foi enviado ao mercado há cerca de duas semanas. E, à noite passada, o banco emitiu novo fato relevante informando os acionistas sobre a concordância com a solicitação. O Banrisul é estatal, mas tem capital aberto com ações negociadas em bolsa de valores.
O Banrisul presta serviços ao Estado, que é o acionista controlador, conforme determinado nesse acordo de 2016. Entre eles, estão depósitos em conta corrente, arrecadação de tributos, taxas e impostos. Em 2016, quando foi celebrado, ficou definido que o Banrisul pagaria ao Estado R$ 1,250 bilhão pelo direito de operar a folha de pagamento. O valor foi usado para quitar o 13º salário dos servidores de 2015. Na época, era o governo de José Ivo Sartori. Para a negociação, precisou ser aprovado um projeto de lei na Assembleia Legislativa.
Novamente, o documento não trouxe mais detalhes sobre o pedido de renegociação pelo governo gaúcho. De destaque, apenas a afirmação de que evitará conflito de interesses entre o banco o Estado.
Quando da divulgação do primeiro comunicado, a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz-RS) foi questionada pela coluna sobre os motivos do pedido pelo governo gaúcho, mas o órgão respondeu apenas que o Banrisul que tem de falar sobre o assunto. Já o banco afirmou que não se manifestará.
- É um tema bem delicado para os acionistas minoritários do Banrisul. Por um lado, não ter acesso garantido à folha de pagamentos do Estado implica riscos de perdas de clientes e negócios para o banco, muitíssimo dependente de crédito consignado. Por outro, renovar o acordo em novas bases 5 anos antes do fim conforme previsto no acordo inicial parece um tanto quanto difícil de ser precificado (a influência no preço da ação em bolsa de valores pela previsão do impacto que determinado assunto terá na empresa). A indústria bancária está passando por uma forte transformação digital e intensa competição entre bancos e fintechs. Nada garante que ter acesso à base de funcionários do Estado do Rio Grande do Sul manterá esses potenciais clientes dentro do Banrisul no futuro. Decisão difícil - analisa Wagner Salaverry, sócio da Quantitas Asset, gestora de fundos de Porto Alegre.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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