Servidores estaduais absortos pelo quarto parcelamento de salário somente neste ano receberam um alívio nesta terça-feira com o pagamento do 13º salário ainda pendente de 2015. O repasse de R$ 1,318 bilhão para quitar o benefício a 352 mil ativos e inativos se deu graças à venda da folha do funcionalismo ao Banrisul, publicada na segunda-feira no Diário Oficial do Estado.
O contrato que garante ao banco a exclusividade da folha salarial por 10 anos rendeu aos cofres públicos R$ 1,250 bilhão, quase o equivalente ao total necessário para liquidar com o 13º salário. No ano passado, o Piratini alegou dificuldades financeiras para repassar o benefício aos servidores e lhes ofereceu duas possibilidades: parcelamento em seis vezes ou empréstimo via Banrisul.
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Parte dos servidores que realizou o financiamento pelo banco enfrentou um percalço nesta terça-feira. O Banrisul descontou o valor da dívida antes que o governo tivesse feito o depósito prometido, e as contas ficaram no negativo. Por meio da assessoria de imprensa, a instituição informou que o grande volume de transações provocou o problema operacional a cerca de 12 mil clientes. A promessa é de que a situação seja regularizada até o fim do dia. Quase 280 mil funcionários estaduais recorreram ao financiamento para não ter o 13º fatiado.
– Dificulta tudo, porque a gente estava contando com o dinheiro. Ele já está recebendo parcelado, agora não dá nem pra abastecer o carro – queixou-se, pela manhã, a mulher de um soldado da Brigada Militar (BM) que registrou um rombo de R$ 3 mil na conta.
O governador do Estado, José Ivo Sartori, ressaltou o pagamento integral do 13º devido antes do previsto em coletiva de imprensa nesta manhã, no Palácio Piratini. No calendário montado inicialmente, o parcelamento ocorreria entre junho e novembro, e os juros somariam R$ 240 milhões. O repasse em parcela única possibilitou uma economia de cerca de R$ 80 milhões ao Piratini.
Sartori ainda comemorou o acordo da dívida firmado na segunda-feira com o governo federal, que prevê a isenção do repasse neste ano e descontos nas parcelas entre 2017 e 2018, mas ponderou que se trata apenas de um "respiro". Por isso, não descartou novos parcelamentos nos próximos meses apesar da ajuda que veio de Brasília.
– Essa conquista está longe de representar o equilíbrio financeiro do Rio Grande do Sul. É apenas um respiro, um alívio, um oxigênio. Não resolve nem os problemas da folha (salarial), mas cria condições de avançar – disse.
Ele pontuou que a parcela da dívida com a União (cerca de R$ 270 milhões) representa um quinto da folha do funcionalismo paga a cada mês (em média, R$ 1,4 bilhão).
* Zero Hora